Austrália declara desastre natural após alga tóxica matar milhares de animais marinhos

Uma maré tóxica sem precedentes atingiu a região centro-sul da Austrália, levando à declaração de estado de desastre natural. A proliferação da alga Karenia mikimotoi resultou na morte de milhares de animais marinhos, incluindo peixes, raias, tubarões e golfinhos, ao longo de mais de 500 quilômetros de litoral.

O governo estadual tomou a decisão após pressão de cientistas e comunidades pesqueiras. O primeiro-ministro estadual, Peter Malinauskas, destacou que mais de 400 espécies marinhas já foram afetadas e que os impactos futuros ainda são incertos. Pesquisadores estimam que mais de 13.800 animais morreram devido à contaminação, um número que pode ser subestimado. As praias da região metropolitana de Adelaide estão repletas de carcaças em decomposição.

Impactos Econômicos e Ecológicos

Além do colapso ecológico, a maré tóxica compromete setores econômicos vitais, como a pesca e o turismo. Autoridades já fecharam áreas de pescaria e suspenderam atividades em cultivos de ostras. A presença de brevetoxinas, neurotoxinas produzidas pela alga, foi detectada em frutos do mar locais. A cientista Shauna Murray, da Universidade de Tecnologia de Sydney, afirmou que o evento é um golpe para a economia costeira.

Especialistas relacionam o fenômeno às mudanças climáticas e à poluição por nutrientes. A temperatura do mar na região está cerca de 2,5 °C acima da média, favorecendo a proliferação da alga. A bióloga Nina Wootton, da Universidade de Adelaide, alertou sobre as consequências da inação diante da crise climática.

Necessidade de Resposta Coordenada

A alga Karenia mikimotoi possui características que favorecem sua persistência, como a capacidade de nadar verticalmente e reciclar nutrientes. A enchente do rio Murray em 2023, que despejou altos volumes de nutrientes no ecossistema, pode ter contribuído para a situação atual. A resposta do governo federal foi criticada por ambientalistas, pois, apesar de um pacote de assistência de 14 milhões de dólares australianos, não foi declarada a emergência como desastre nacional.

Pesquisadores pedem uma estratégia nacional para monitoramento e prevenção de eventos semelhantes. A oceanógrafa Martina Doblin enfatizou que a situação não é isolada e requer uma reação coordenada entre ciência, indústria e governo. A magnitude do desastre e o risco de que a maré tóxica se espalhe para outras regiões tornam urgente a implementação de medidas eficazes.