'Cheiro do Parkinson' possibilita exame que detecta doença antes de sintomas aparecerem

Um estudo da Universidade de Manchester revelou que a doença de Parkinson pode ser diagnosticada até sete anos antes do que os métodos atuais, por meio da análise do sebo da pele. A pesquisa, publicada na revista npj Parkinson’s Disease, utiliza amostras simples coletadas com cotonete.

A doença neurodegenerativa afeta mais de 10 milhões de pessoas no mundo, e a expectativa é que esse número dobre nos próximos anos. Os sintomas, como tremores e rigidez, costumam ser identificados em estágios avançados, dificultando intervenções precoces. A nova abordagem pode facilitar o diagnóstico e o monitoramento da progressão da doença.

Os pesquisadores analisaram amostras de 83 indivíduos, sendo 46 diagnosticados com Parkinson, 28 do grupo controle e nove com transtorno comportamental do sono REM, que está associado à doença. A coleta foi realizada na parte superior das costas, onde a concentração de sebo é maior. A análise dos compostos orgânicos voláteis (COVs) presentes no sebo foi feita por meio de cromatografia gasosa–espectrometria de massa.

Descobertas Relevantes

Durante o estudo, foram identificados 613 compostos nas amostras. A equipe conseguiu distinguir os grupos analisando os perfis químicos da pele. Cinquenta e cinco compostos foram encontrados entre o grupo controle e o de transtorno do sono, sugerindo indícios de progressão da doença. Ao longo do acompanhamento de três anos, 38 COVs mostraram alterações que podem indicar o avanço do Parkinson.

A pesquisa foi inspirada por Joy Milne, uma enfermeira aposentada que percebeu um odor distinto em seu marido anos antes de seu diagnóstico. Essa observação levou os cientistas a investigar o sebo como uma fonte potencial de biomarcadores para a doença.

Implicações Futuras

O novo método de diagnóstico pode não apenas antecipar a detecção da doença, mas também permitir a triagem de grupos de alto risco, como aqueles com transtorno comportamental do sono REM. O exame é simples e econômico, pois o sebo pode ser coletado facilmente e não requer refrigeração, podendo ser enviado pelo correio. Essa inovação representa um avanço significativo na luta contra a doença de Parkinson.