Lagoa se transforma em polo de esporte, gastronomia e cultura com rica história

A Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro, passou por uma transformação significativa nos últimos anos. A qualidade da água melhorou consideravelmente devido a projetos de saneamento e recuperação ambiental, resultando em um aumento da fauna local e no uso recreativo do espaço.

Historicamente, a Lagoa era um refúgio tranquilo, mas a urbanização e a poluição alteraram seu cenário. Pedro Muller, morador da região há 35 anos, observa que o local se tornou mais movimentado, especialmente nos fins de semana. O urbanista Carlos Fernando Andrade destaca que, desde os anos 1920, houve tentativas de melhorar a ligação da Lagoa com o mar, mas as mudanças mais significativas ocorreram com a abertura de avenidas e o tombamento do espelho d'água.

Nos anos 1980 e 1990, a Lagoa enfrentou sérios problemas de poluição, com frequentes mortes de peixes. Marcelo Obraczka, professor da Uerj, lembra que a eutrofização era um problema grave. Atualmente, a situação é diferente. Sandro Lopes, remador e atleta, testemunhou a recuperação das águas, que agora estão mais limpas e cristalinas, permitindo até mergulhos.

Desde 2021, a empresa Águas do Rio gerencia o saneamento da Lagoa, evitando o despejo de cerca de cinco milhões de litros de esgoto diariamente. Renan Mendonça, diretor executivo da empresa, afirma que a revitalização das elevatórias e a fiscalização têm trazido resultados visíveis. O Projeto Manguezal da Lagoa, liderado pelo biólogo Mário Moscatelli, também contribui para a restauração do ecossistema local.

Novas Ocupações e Desafios

Com a melhora na qualidade da água, novas formas de ocupação surgiram. Fernando Augusto, empresário da área de gastronomia, destaca a importância de equilibrar lazer e respeito ao meio ambiente. No entanto, a convivência entre moradores e novos estabelecimentos nem sempre é pacífica. Isabela Ramos, advogada e moradora, critica o barulho e as festas que invadem a madrugada.

Francesco Carnevale, sócio de quiosques na Lagoa, afirma que medidas de controle de som e segurança estão sendo implementadas. O urbanista Carlos Fernando Andrade ressalta a necessidade de respeitar a paisagem original da Lagoa, enquanto o arquiteto Miguel Pinto Guimarães propõe um projeto de requalificação do Jardim de Alah, visando integrar a Lagoa com áreas verdes e promover a convivência.

A pescadora Katia Janine, da Colônia Z-13, celebra a melhora na qualidade da água, que agora abriga novas espécies de peixes. A Lagoa, que já foi sinônimo de poluição, está se transformando em um espaço de lazer e convivência, refletindo um esforço coletivo pela recuperação ambiental.