16 de jul 2025
Pesquisa revela que estruturas cerebrais não causam psicopatia diretamente
Estudo europeu revela que volumes reduzidos no lobo frontal e estruturas subcorticais estão ligados ao comportamento antissocial, mas sem determinismo.

A associação entre diferenças em estruturas cerebrais e psicopatia é real, mas não é necessariamente determinista para o desenvolvimento do transtorno (Foto: Anna Shvets/Pexels)
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Um novo estudo europeu revelou que volumes menores em áreas do lobo frontal e estruturas subcorticais estão associados ao comportamento antissocial, embora essa relação não seja determinista. A pesquisa, publicada no European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience, analisou a conexão entre a estrutura cerebral e características de psicopatia.
Os pesquisadores utilizaram a escala "Psychopathy Checklist" (PCL-R), que classifica traços psicopáticos em dois fatores: o primeiro relacionado a questões interpessoais e afetivas, e o segundo a comportamentos impulsivos e antissociais. Apenas o segundo fator apresentou correlação com o volume das áreas cerebrais estudadas.
O neurocientista Peter Pieperhoff, um dos autores do estudo, destacou que não se pode afirmar que déficits estruturais sejam a única causa dos traços psicopáticos. A pesquisa envolveu 39 indivíduos com pontuação elevada na escala de psicopatia, comparados a três grupos controle. No entanto, uma limitação importante foi a falta de controle sobre fatores sociais, como o uso de substâncias.
A psiquiatra Juliana Belo Diniz, pesquisadora do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, apontou que a associação entre estrutura cerebral e psicopatia é real, mas não implica uma relação de causa e efeito direta. Ela ressaltou que o desenvolvimento cerebral pode ser influenciado por condições adversas, como traumas na infância e privação social.
Diniz também mencionou que a correlação entre o volume da amígdala e a psicopatia já era conhecida, mas a explicação para essa relação era considerada frágil. O estudo atual, embora traga novas evidências, não elimina a complexidade do fenômeno e a necessidade de considerar múltiplas influências no comportamento humano.
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