Israel intensifica restrições de banho e pesca no mar de Gaza em meio ao calor extremo

O Exército de Israel intensificou a proibição de acesso dos palestinos ao Mar Mediterrâneo na Faixa de Gaza, uma medida que se tornou mais rigorosa nesta quarta-feira, 15 de novembro de 2023. Embora a proibição já existisse desde o início da guerra em outubro, sua aplicação era esporádica. O porta-voz das Forças Armadas de Israel, Avichay Adraee, alertou sobre os "riscos" de se aproximar do mar, sem fornecer detalhes adicionais.

A restrição agrava a crise humanitária no enclave, que já enfrenta escassez de alimentos, água potável e infraestrutura em colapso. A situação se torna ainda mais crítica devido ao calor extremo e à falta de recursos básicos. Adraee enfatizou que a entrada no mar está proibida e pediu que pescadores, nadadores e mergulhadores evitem a área. O mar, que servia como um dos poucos refúgios para a população, agora se torna inacessível.

Rajaa Qudeih, uma mãe de dois filhos, expressou sua desespero: "Estou literalmente tonta de fome, sede e calor. O mar era a única saída que restava." A proibição gerou revolta entre os palestinos, que enfrentam condições de vida insuportáveis em acampamentos superlotados. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) estima que mais de 90% da população foi deslocada.

Impacto na Saúde e Saneamento

A escassez de água potável atinge mais de 95% da população de Gaza, conforme dados da Coastal Municipalities Water Utility. A infraestrutura hídrica está em colapso, com a maioria das usinas de dessalinização fora de operação. Os moradores dependem de caminhões-pipa ou garrafas, frequentemente indisponíveis nas áreas mais afetadas.

As chamadas "zonas seguras" designadas por Israel concentram a maior parte dos deslocados, que enfrentam dificuldades extremas para sobreviver. A proibição de acesso ao mar pode aumentar os riscos de doenças e insolação, alertam organizações internacionais. A situação dos pescadores é igualmente alarmante, com mais de 210 mortos desde o início do conflito, enquanto a atividade pesqueira se torna inviável.

A guerra, iniciada com um ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, resultou em 1.219 mortes israelenses, a maioria civis. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, reporta que pelo menos 58.026 palestinos foram mortos na retaliação israelense. As Nações Unidas consideram esses números confiáveis, refletindo a gravidade da crise humanitária em Gaza.