Governo federal reafirma que negociações sobre tarifas são de sua responsabilidade

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou nesta terça-feira que o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, deve negociar o fim da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, entrará em vigor em agosto. Vieira enfatizou que “quem negocia é o governo federal”, referindo-se à iniciativa do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que já se reuniu com representantes da Embaixada dos EUA.

O governador Tarcísio, em busca de diálogo, se encontrou duas vezes com o encarregado de negócios da Embaixada americana, Gabriel Escobar. Ele também conversou com empresários sobre o impacto das tarifas, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin discutiu o tema com representantes do setor produtivo. Escobar é o principal nome da representação americana no Brasil, que atualmente não conta com embaixador.

Diálogo em Andamento

Vieira destacou que as negociações entre Brasil e EUA, iniciadas em março, continuam. Desde então, já ocorreram oito reuniões entre técnicos dos dois países. O chanceler mencionou que já conversou com Jamieson Greer, principal negociador comercial de Trump, e que Alckmin também se comunicou com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick.

Na correspondência enviada por Trump a Lula, o presidente americano alegou que a sobretaxa foi motivada por questões políticas, incluindo ações do Judiciário brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Vieira rebateu, afirmando que o Brasil teve um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA nos últimos 15 anos e que não deseja confrontos ou guerras comerciais.

Estratégia de Negociação

O governo brasileiro busca apoio de empresários americanos, considerando que a relação comercial é mútua. O Brasil importa carvão siderúrgico e exporta chapa de aço semiacabada para a produção de veículos nos EUA. Alckmin acredita que os empresários americanos podem ser aliados na negociação com Trump.

Além disso, o governo avalia diversas abordagens, incluindo ações na Organização Mundial do Comércio e diálogo com outros países afetados. A Lei da Reciprocidade, que permite aumentar tarifas sobre produtos americanos, deve ser utilizada com cautela para evitar impactos negativos na economia brasileira. A prioridade é proteger a economia, as empresas e os empregos, promovendo um diálogo colaborativo entre os setores.