Carl Sagan defendeu a exploração de Vênus em vez de Marte para a ciência

O cientista Carl Sagan, em 1967, levantou a questão sobre a possibilidade de vida em Vênus, sugerindo que regiões polares ou montanhas poderiam abrigar formas de vida, apesar das altas temperaturas do planeta. Mais de cinco décadas depois, novas pesquisas detectaram fosfina e amônia nas nuvens venusianas, reacendendo o debate sobre a existência de vida microbiana.

Sagan, em colaboração com o biofísico Harold Morowitz, enviou sondas a Vênus entre 1962 e 1978. Os resultados indicaram que a superfície do planeta era inóspita, com temperaturas que podem chegar a 462,2 graus Celsius. No entanto, Sagan especulou que montanhas poderiam oferecer condições mais amenas para a vida. "Parece apropriado relacionar algumas dessas especulações para continuar trabalhando no ambiente de Vênus", afirmou ele.

Estudos recentes, incluindo um publicado em 2020, identificaram fosfina nas nuvens a cerca de 50 km de altitude. Na Terra, esse gás é associado a microrganismos que vivem em ambientes sem oxigênio, o que alimenta a ideia de que Vênus poderia abrigar vida. Contudo, a detecção de fosfina é controversa, com alguns pesquisadores sugerindo que poderia ser explicada por processos não biológicos.

Novas Descobertas

Além da fosfina, a amônia também foi encontrada nas nuvens de Vênus, aumentando as especulações sobre atividade biológica. No entanto, a viabilidade de vida no planeta é contestada por estudos que indicam que a atmosfera densa e o calor extremo tornariam impossível a presença de água líquida. Pesquisas recentes, utilizando o telescópio James Webb, sugerem que Vênus sempre foi um ambiente seco e hostil.

Apesar das evidências que contradizem a ideia de um Vênus habitável, a NASA desenvolveu a "Equação da Vida em Vênus", que busca avaliar a possibilidade de originação e continuidade de vida no planeta. Essa nova equação, similar à Equação de Drake, visa orientar futuras investigações sobre a habitabilidade de Vênus.

O legado de Sagan continua a influenciar a pesquisa espacial, destacando a importância de explorar novos mundos em busca de vida. "Em algum lugar, algo incrível está esperando para ser descoberto", dizia ele, refletindo a eterna curiosidade humana sobre o universo.