Tarifa dos EUA pode impactar R$ 19 bi do PIB brasileiro e afetar economia americana

Um estudo encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revela que as tarifas impostas pelos Estados Unidos podem resultar em uma perda de R$ 19,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Além disso, as exportações brasileiras devem sofrer uma redução de R$ 52 bilhões e a eliminação de 110 mil empregos, afetando principalmente os setores industrial e agropecuário.

Os dados mostram que os Estados Unidos também enfrentarão um impacto significativo, com uma queda de 0,37% em seu PIB, superando a retração de 0,16% prevista para o Brasil. No cenário global, a economia mundial pode encolher 0,12%, enquanto o comércio internacional deve recuar 2,1%, totalizando US$ 483 bilhões em perdas.

Setores mais afetados

Os setores industriais com forte presença no mercado americano serão os mais prejudicados. Equipamentos de transporte, como aviões e embarcações, têm 22,1% de seu faturamento vinculado às exportações para os EUA. Outros setores, como madeira (17%), metalurgia (10,1%) e máquinas e equipamentos (4,8%), também sentirão os efeitos das tarifas.

Entre os produtos mais impactados, destacam-se tratores e máquinas agrícolas, cuja exportação pode cair 23,6%, refletindo uma redução de 1,86% na produção. Aeronaves devem ter uma retração de 22,3% nas vendas externas, enquanto carnes e aves enfrentam uma queda de 11,3% nas exportações.

Impacto regional

As perdas econômicas não serão uniformes entre os estados. São Paulo pode registrar um prejuízo de R$ 4,4 bilhões no PIB, seguido por Rio Grande do Sul e Paraná, ambos com R$ 1,9 bilhão de perda, e Santa Catarina com R$ 1,74 bilhão. A CNI enfatiza a complementaridade das economias brasileira e americana, com 78,2% das exportações da indústria de transformação brasileira destinadas aos EUA.

Ricardo Alban, presidente da CNI, destaca que é do interesse de ambos os países avançar nas negociações, ressaltando a importância da relação comercial. A racionalidade deve prevalecer para evitar um cenário de perdas mútuas.