Trump intensifica pressão sobre Brasil e Brics com novas ameaças e infográficos

A nova escalada na guerra tarifária promovida por Donald Trump pode impactar diretamente o Brasil e seus parceiros do Brics. Na segunda-feira, 14, o presidente dos EUA deu um ultimato a Vladimir Putin, exigindo o fim da guerra na Ucrânia em até 50 dias. Caso contrário, tarifas de 100% seriam impostas sobre o comércio bilateral com a Rússia, uma medida que, embora simbólica, pode gerar grandes repercussões.

Trump já havia anunciado tarifas de 50% sobre importações brasileiras, uma ação que se justifica, segundo ele, como parte de uma "caça às bruxas" a Jair Bolsonaro. O governo Lula, por sua vez, sinalizou que responderá com taxas recíprocas, complicando ainda mais o cenário comercial. 23% do diesel importado pelo Brasil vem dos EUA, enquanto 60% do produto é adquirido da Rússia, o que torna o país vulnerável a essas novas sanções.

Impactos no Comércio de Combustíveis

Dados do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo indicam que, em junho, 12% do diesel russo foi exportado para o Brasil, totalizando cerca de R$ 2,8 bilhões em compras. A relação comercial entre Brasil e Rússia se torna ainda mais delicada, especialmente com a possibilidade de sanções secundárias que podem afetar empresas brasileiras que realizam transações com os russos.

Além do Brasil, a China e a Índia, também membros do Brics, enfrentam riscos significativos. A China, por exemplo, é responsável por 47% das importações de petróleo russo, enquanto a Índia responde por 38%. Ambos os países aumentaram suas compras de combustíveis russos em resposta às sanções ocidentais.

Repercussões na Europa e na Turquia

A Turquia, aliada da Otan, também poderá sentir os efeitos das novas tarifas. O país compra 26% do diesel russo, mantendo uma relação energética forte com Moscou, apesar de apoiar a Ucrânia. As sanções propostas por Trump não incluem o mercado de gás russo, que ainda é crucial para a Europa, embora a dependência tenha diminuído.

Analistas apontam que a economia russa, que antes da guerra gerava cerca de R$ 6,5 bilhões diários em commodities energéticas, enfrenta dificuldades. Em junho, esse valor caiu para R$ 3,9 bilhões. A situação econômica da Rússia pode levar a uma necessidade de negociação com os EUA, especialmente se as sanções afetarem o comércio global de forma mais ampla.