Brasil é novamente listado entre os países com mais crianças sem vacinação

O Brasil voltou a ser listado entre os países com o maior número de crianças não imunizadas, ocupando a 17ª posição no ranking global. O relatório, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que 229 mil crianças no país não receberam a primeira dose da vacina tríplice bacteriana (DTP) em 2024.

Após ter saído dessa lista em 2023, quando contava com 103 mil crianças não vacinadas, o aumento alarmante reflete uma queda na cobertura vacinal. Em 2024, nenhuma das 17 vacinas monitoradas alcançou a meta de 90% de cobertura. A DTP é um indicador crucial para avaliar o acesso à imunização, identificando crianças que não receberam nenhuma vacina, conhecidas como "zero dose".

Cenário Global

No contexto global, aproximadamente 14,3 milhões de crianças estão completamente sem vacinação, enquanto 5,7 milhões têm apenas proteção parcial. A OMS destaca que 20 milhões de crianças perderam pelo menos uma dose da vacina DTP em 2024, um aumento significativo em relação a anos anteriores. Essa situação é preocupante, pois pequenas quedas na cobertura vacinal podem resultar em surtos de doenças.

A cobertura da vacina contra o HPV, por exemplo, atingiu 31% entre adolescentes elegíveis, um avanço em relação aos 17% de 2019, mas ainda distante da meta de 90% até 2030. A vacina contra sarampo também apresentou leve aumento, passando de 83% para 84%, mas ainda não recuperou os índices pré-pandemia.

Desafios na Imunização

Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), expressou preocupação com o retorno do Brasil à lista de países com alta taxa de não vacinação. Ela ressaltou a dificuldade em obter dados atualizados sobre a cobertura vacinal e a necessidade de uma comunicação mais eficaz por parte do Ministério da Saúde. Historicamente, a cobertura da DTP no Brasil era de 99% entre 2000 e 2012, mas caiu drasticamente após 2019.

A OMS e o UNICEF alertam que o baixo acesso aos serviços de saúde, interrupções no fornecimento e desinformação são os principais obstáculos para aumentar a cobertura vacinal. A situação exige atenção urgente para evitar o agravamento da saúde pública no Brasil e no mundo.