Vinte mortos em tumulto durante distribuição de ajuda humanitária em Gaza

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) relatou a morte de 20 pessoas em um centro de distribuição de ajuda em Khan Younis, na Faixa de Gaza. O incidente ocorreu durante um tumulto em que 19 vítimas foram pisoteadas e uma foi esfaqueada. A GHF atribuiu a confusão a "agitadores" ligados ao Hamas, que supostamente incitaram a agitação na multidão.

De acordo com a GHF, o caos começou quando milhares de pessoas tentavam acessar suprimentos em meio a uma grave crise humanitária. O Hospital Nasser, em Khan Younis, confirmou que mais de 10 pessoas morreram e várias outras ficaram feridas, com relatos de casos de sufocamento após a intervenção de seguranças privados que fecharam o local. Testemunhas afirmaram que o uso de gás lacrimogêneo pelos guardas gerou pânico, levando a uma debandada mortal.

Críticas à GHF

O episódio em Khan Younis levanta questões sobre a atuação da GHF, que opera sob um bloqueio severo à entrada de ajuda em Gaza. A fundação, que substituiu a UNRWA nas operações de assistência, enfrenta críticas por sua abordagem militarizada e pela limitação dos pontos de distribuição. O chefe da agência da ONU para refugiados palestinos descreveu a GHF como "uma abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas."

Desde o início das operações da GHF, cerca de 900 pessoas perderam a vida em incidentes relacionados à distribuição de alimentos. A organização, que atualmente opera apenas quatro centros para atender cerca de 2 milhões de pessoas, é acusada de criar um ambiente perigoso para aqueles que buscam ajuda. Mohammed Zaqqout, diretor-geral para os hospitais de Gaza, afirmou que "este é um mecanismo para matar."

Contexto Humanitário

A situação em Gaza é crítica, com aproximadamente 93% da população vivendo em insegurança alimentar aguda. A GHF, que começou suas atividades em 26 de maio, é uma das poucas fontes de assistência, mas sua atuação tem sido amplamente contestada. Antes da GHF, a UNRWA operava mais de 400 pontos de distribuição, mas foi banida por Israel sob alegações de conivência com o Hamas. A ONU classificou a transformação de alimentos em armas como um crime de guerra, enquanto a fome generalizada se torna uma realidade cada vez mais iminente para a população local.