Três em cada cinco casos de câncer de fígado podem ser prevenidos, aponta estudo

O câncer de fígado é responsável por mais de 700 mil mortes anuais em todo o mundo. Uma nova análise publicada na revista Lancet revela que três em cada cinco casos poderiam ser prevenidos. A pesquisa destaca a importância de abordar fatores de risco como hepatite B, hepatite C, consumo excessivo de álcool e obesidade.

Com cerca de 900 mil novos casos diagnosticados anualmente, o câncer de fígado é o sexto mais comum e a terceira principal causa de morte por câncer. Se a tendência atual continuar, o número de diagnósticos pode quase dobrar, atingindo 1,5 milhão até 2050. Os pesquisadores estimam que a combinação de doenças hepáticas relacionadas ao álcool e à disfunção metabólica representará quase um terço dos novos casos.

Fatores de Risco

A maioria dos cânceres de fígado ocorre em pessoas com cirrose, uma condição que danifica o fígado e impede seu funcionamento adequado. A hepatite B e C causam inflamação que pode levar à cirrose, enquanto o álcool e a disfunção metabólica provocam acúmulo de gordura no fígado, resultando em inflamação. O médico Brian P. Lee, da Universidade do Sul da Califórnia, afirma que a maioria dos casos é evitável.

A pesquisa indica que a proporção de cânceres de fígado relacionados à hepatite deve cair para 63% em 2050, enquanto os casos associados ao álcool e à doença hepática esteatótica (MASLD) devem aumentar. Estima-se que quatro em cada dez adultos globalmente tenham MASLD, uma condição que pode progredir para cirrose sem apresentar sintomas.

Importância do Rastreamento

As diretrizes atuais recomendam monitoramento para pacientes com histórico de hepatite ou cirrose. No entanto, aqueles com MASLD podem não ser identificados, pois não atendem a esses critérios. A médica Mary Rinella, da Universidade de Medicina de Chicago, sugere que o rastreamento comece na atenção primária, utilizando métricas como Fib-4 para identificar pacientes em risco.

Mudanças no estilo de vida, como dieta saudável e exercícios, podem reverter a MASLD. Além disso, medicamentos para perda de peso mostraram eficácia na reversão de cicatrizes hepáticas. A pesquisa também aponta que o consumo de álcool e a obesidade estão em ascensão, aumentando a incidência de doenças hepáticas.