Câncer de pulmão atinge cada vez mais não fumantes, especialmente mulheres

Annie Chen, uma mulher de 48 anos, foi diagnosticada com câncer de pulmão em estágio 4 após apresentar falta de ar em 2017. Apesar de nunca ter fumado, sua condição reflete uma realidade alarmante: 10% a 25% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em não fumantes, com taxas ainda mais altas entre mulheres asiáticas. A incidência da doença, tradicionalmente associada ao tabagismo, está mudando.

Pesquisadores, como Maria Teresa Landi, do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, estão investigando fatores como poluição do ar e predisposição genética. Estudos recentes indicam que a poluição pode causar mutações no DNA, aumentando o risco de câncer. Em áreas com altos níveis de poluição, como Hong Kong e Taiwan, as mutações são mais frequentes. Além disso, não fumantes com histórico familiar de câncer de pulmão apresentam risco elevado, sugerindo uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

Fatores de Risco e Detecção

A detecção precoce do câncer de pulmão em não fumantes é um desafio. Muitas vezes, a doença é diagnosticada em estágios avançados, pois a triagem é recomendada apenas para fumantes. A oncologista Elaine Shum destaca que isso pode ter consequências devastadoras. Em Taiwan, um estudo mostrou que a triagem de não fumantes com histórico familiar resultou em diagnósticos significativos, levando à implementação de triagem rotineira.

Pesquisas em andamento nos EUA, focadas em mulheres asiático-americanas não fumantes, buscam entender melhor as relações entre genética e fatores ambientais. Scarlett Gomez, professora da Universidade da Califórnia, enfatiza a necessidade de identificar fatores de risco que possam ser alvo de intervenções, assim como ocorre com outros tipos de câncer.

Avanços no Tratamento

A boa notícia é que os tratamentos para câncer de pulmão avançado melhoraram, permitindo que muitos pacientes vivam por mais tempo. Leah Phillips, diagnosticada com câncer metastático aos 43 anos, conseguiu prolongar sua vida com novas terapias. Ela cofundou uma ONG para aumentar a conscientização sobre o câncer de pulmão em não fumantes, desafiando a percepção de que a doença é exclusiva de fumantes.

A crescente incidência de câncer de pulmão em não fumantes exige uma reavaliação das estratégias de triagem e prevenção. Com a pesquisa em andamento, espera-se que novas diretrizes possam ser estabelecidas para identificar e tratar essa população em risco.