22 de jul 2025
Brasil lança biofábrica inovadora de mosquitos para combater doenças tropicais
Curitiba inaugura a maior biofábrica de mosquitos do mundo, visando combater dengue, zika e chikungunya com a bactéria Wolbachia.

Aedes albopictus, mosquito que também transmite dengue, zika e chikungunya. (Foto: AFP)
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Por meio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e do World Mosquito Program (WMP), foi inaugurada em Curitiba a maior biofábrica de mosquitos do mundo, a Wolbito do Brasil. A cerimônia ocorreu no sábado, dia 19, e a unidade terá a missão de produzir em larga escala mosquitos Aedes aegypti inoculados com a bactéria Wolbachia, que bloqueia a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya.
Esses mosquitos, que serão enviados a áreas com alta incidência dessas doenças, têm como objetivo ajudar a conter surtos e epidemias. A biofábrica já conta com aproximadamente 70 funcionários e possui capacidade para produzir até 100 milhões de ovos por semana, volume suficiente para atender grandes áreas urbanas. Inicialmente, a produção será destinada exclusivamente ao Ministério da Saúde.
O Brasil já realiza testes com a Wolbachia desde 2014, com resultados positivos em locais como Tubiacanga e Jurujuba, no Rio de Janeiro. Pesquisas da Fiocruz indicam uma redução de até 96% nos casos de dengue nas áreas tratadas. A técnica é considerada segura e sustentável, não envolvendo mosquitos transgênicos.
Funcionamento do Método
Ao serem liberados no ambiente, os mosquitos com Wolbachia cruzam com os Aedes locais, transmitindo a bactéria a seus descendentes. Isso reduz drasticamente a capacidade de transmissão de arboviroses. A Wolbachia está presente em cerca de 60% dos insetos do planeta, mas não no Aedes aegypti. Desde a década de 2010, cientistas têm conseguido introduzir a bactéria nesses mosquitos em laboratório, sem alterar seu DNA.
A presença da Wolbachia no Aedes aegypti impede a multiplicação dos vírus dentro do mosquito e favorece sua reprodução, acelerando a disseminação da bactéria na natureza. O método, que já é utilizado em 14 países, representa uma das principais apostas da ciência no combate às arboviroses. A biofábrica é uma ação complementar a outras medidas de controle, como a eliminação de criadouros e o uso de larvicidas, e depende da colaboração da população.
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