Reciclagem de sapatos enfrenta desafios e busca soluções sustentáveis

A indústria do calçado na Espanha enfrenta sérios desafios ambientais, com apenas 5% dos sapatos reciclados e sem um sistema de coleta adequado. Em resposta a essa situação, o Inescop inaugurou uma planta de reciclagem em Elda, utilizando tecnologias de outros setores para separar materiais.

A planta, que começou a operar em 2019, é a única do país dedicada à pesquisa do reciclável de calçados. Borja Mateu, agente de inovação do Inescop, destaca que o calçado é um desafio complexo devido à variedade de materiais que compõem um par, que pode incluir até vinte componentes diferentes. Atualmente, a Espanha produz 80 milhões de pares de sapatos anualmente, mas mais de 95% acaba em aterros ou incinerado.

A urgência por soluções de reciclagem aumenta com a nova legislação sobre economia circular, prevista para 2026. Mateu observa que a falta de um sistema de coleta específico para calçados agrava a situação. A planta de Elda enfrenta o desafio de separar elementos invisíveis, como o cambrillón, uma guia metálica inserida na sola.

Desafios do Reciclável

O processo de reciclagem envolve triturar o calçado e separar os materiais por densidade e tamanho. O Inescop também investe em ecodesign, orientando fabricantes sobre o uso de materiais recicláveis. Mateu ressalta que a conscientização sobre a importância do reciclagem é um desafio, especialmente para pequenas fábricas que enfrentam instabilidade.

Com o apoio da União Europeia, a indústria do calçado deve se adaptar às novas exigências de reciclagem. O ministério de Transição Ecológica está desenvolvendo um decreto que regulará a responsabilidade ampliada do produtor, com foco na coleta e reciclagem de calçados. Atualmente, existem iniciativas como a Re-Viste e a Gerescal, que buscam soluções para o setor.

Caminhos para o Futuro

As ONG têm um papel crucial na coleta de calçados, mas muitos ainda são enviados para países em desenvolvimento. A proposta é que os sapatos usados sejam primeiramente direcionados para o mercado de segunda mão, seguidos pela regeneração energética e, por último, a pirolização, que transforma o material em novos produtos.

Embora o ideal seja reutilizar os resíduos na fabricação de novos calçados, essa prática ainda é complexa. Reolid, diretor da Gerescal, afirma que o destino dos resíduos pode ser mais facilmente direcionado para a indústria de móveis ou materiais decorativos. O Inescop já aplica materiais reciclados em bancos urbanos e pisos de parques infantis, mostrando que a reciclagem de calçados pode ter um impacto positivo no meio ambiente.