Kiyoshi Kurosawa conecta humanos e fantasmas em seu novo filme 'Cloud'

Kiyoshi Kurosawa, cineasta japonês renomado, estreia seu novo filme "Cloud" nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 17 de outubro. A obra explora a vida de Yoshii, um revendedor online que se envolve em golpes, refletindo a desumanização e a paranoia na era digital.

Com quase 70 anos, Kurosawa utiliza a tecnologia para expor os sintomas da sociedade contemporânea. Seus personagens, frequentemente isolados, enfrentam uma atrofia emocional e física. Em "Cloud", Yoshii, interpretado por Masaki Suda, se esconde atrás de uma tela enquanto uma legião de ameaças se forma ao seu redor. O filme retrata um mundo onde produtos perdem valor rapidamente e a incerteza se torna uma constante na luta pela sobrevivência.

O diretor afirma que seu objetivo não é criticar, mas mostrar como a internet se tornou uma ferramenta onipresente e perigosa. A narrativa é inspirada em eventos reais, como casos de justiceiros que atraem vítimas por meio das redes sociais. Kurosawa considera "Cloud" seu primeiro filme de ação, substituindo a máfia japonesa por anônimos que representam a maldade humana.

Temas Centrais

As discussões em "Cloud" vão além das plataformas digitais. A violência e a falta de contato humano são evidentes, com a opressão social refletida nas interações entre os personagens. O cineasta destaca que as redes sociais podem amplificar a maldade latente nas pessoas, transformando pequenas ações em comportamentos extremos.

Kurosawa, que possui uma formação em sociologia, sempre abordou a desumanização em suas obras. Ele observa que, mesmo sem mortes brutais, muitos são tratados como descartáveis na sociedade. O uso minimalista de sons em "Cloud" intensifica a opacidade das histórias, permitindo que o espectador reflita sobre o descarte de vidas humanas.

A Produção

Além de "Cloud", Kurosawa lançou em 2024 o média-metragem "Chime", um terror disponível como NFT, e um remake francês de "O Caminho da Serpente". O cineasta não considera o uso de inteligência artificial em seus processos criativos, enfatizando a diferença entre criar e lucrar. A obra, com classificação de 16 anos, conta com um elenco que inclui Masaki Suda, Kotone Furukawa e Daiken Okudaira.