Parlamentares dos EUA tentam impedir tarifas de Trump após encontro com brasileiros

Parlamentares democratas dos Estados Unidos apresentaram propostas para barrar as tarifas sobre produtos brasileiros, anunciadas recentemente pelo ex-presidente Donald Trump. A iniciativa foi lançada no Senado, com tramitação prioritária, mas a votação deve ocorrer apenas em setembro, após o recesso parlamentar. O texto abrange todas as tarifas, sem especificar uma em particular.

Os senadores Jeanne Shaheen (New Hampshire), Tim Kaine (Virgínia), Chuck Schumer (Nova York) e Ron Wyden (Oregon) afirmaram que as tarifas têm motivação política e visam pressionar o Supremo Tribunal Federal do Brasil em processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os autores da proposta acusam Trump de abusar da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), que permite sanções em nome da segurança nacional, e de não ter respaldo legal para aplicar as tarifas ao Brasil.

"Estamos preocupados com essas tarifas sobre o Brasil, que estão sendo aplicadas para que o Supremo Tribunal Federal suspenda o processo contra Jair Bolsonaro", diz um trecho do documento. Esta não é a primeira tentativa do Senado americano de conter decisões unilaterais do ex-presidente. Em abril, uma resolução que revogava tarifas contra o Canadá foi aprovada, mas barrada na Câmara.

A comitiva de senadores brasileiros que esteve em Washington também se reuniu com outros parlamentares, como Martin Heinrich (Novo México) e Chris Coons (Delaware), que expressaram preocupação com as tarifas. Na Câmara, o deputado Gregory Meeks, membro sênior do Comitê de Relações Exteriores, planeja apresentar uma resolução para tentar derrubar as tarifas após o recesso. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que liderou a missão brasileira, destacou a importância do diálogo para avançar em outros pontos. Apesar da exclusão de itens como celulose e combustíveis, cerca de 36% das exportações brasileiras ainda são afetadas pelo tarifaço.