Lula grava mensagem sobre tarifas de Trump e defende soberania brasileira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou um pronunciamento à nação na noite de quarta-feira, 17 de julho, no Palácio da Alvorada, para abordar a sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras imposta pelos Estados Unidos. A medida, anunciada por Donald Trump, gerou tensões comerciais e levou Lula a reforçar a soberania do Brasil e a independência das instituições.

No discurso, Lula enfatizou que o Brasil não aceitará ser tutelado por qualquer nação. Ele anunciou a criação de um grupo de trabalho para dialogar com empresários brasileiros e americanos sobre a situação. Auxiliares do presidente afirmaram que ele deve destacar a importância da autonomia do país e a competência da justiça brasileira em processos judiciais, sem interferências externas.

Reação ao Tarifaço

Lula também deve apresentar dados que mostram um superávit comercial dos Estados Unidos com o Brasil, que totaliza US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. A pesquisa da Quaest, divulgada no mesmo dia, revelou que 72% dos entrevistados consideram errada a decisão de Trump, enquanto apenas 19% a apoiam. Essa pesquisa coincide com um aumento na popularidade de Lula, que subiu de 40% para 43% entre maio e julho.

O presidente criticou a carta de Trump, que condiciona a retirada da sobretaxa à não perseguição de Jair Bolsonaro. Lula classificou a correspondência como "desaforada" e reafirmou que o Brasil está aberto ao diálogo, tendo realizado mais de 10 reuniões com autoridades americanas antes da imposição das tarifas.

Defesa da Soberania

Em seu pronunciamento, Lula reiterou que o Brasil não é um país de guerra e busca boas relações comerciais com todas as nações. Ele destacou a importância do multilateralismo e afirmou que, se necessário, utilizará todos os instrumentos legais para proteger a economia brasileira, incluindo recursos à Organização Mundial do Comércio.

O presidente também abordou a defesa do sistema de pagamento Pix, que está sob investigação dos EUA. Lula afirmou que o Pix é um patrimônio brasileiro e não aceitará ataques a ele. O discurso foi uma resposta clara à pressão externa e uma reafirmação da autonomia do Brasil em suas decisões econômicas e políticas.