Estados Unidos planeja deportar migrantes para países inseguros com aviso prévio curto

O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) poderá notificar migrantes sobre deportações para terceiros países com apenas seis horas de antecedência. A decisão foi anunciada pelo diretor interino do ICE, Todd M. Lyons, em um memorando interno. Essa medida ignora os riscos de tortura e perseguições que os deportados podem enfrentar.

De acordo com o documento obtido pelo The Washington Post, os migrantes podem ser informados um dia antes da deportação para países sem garantias de segurança. Em situações consideradas "exigentes", o aviso pode ser reduzido para apenas seis horas. Para aqueles enviados a países que confirmam a segurança, pode não haver notificação prévia. Lyons destacou que, se o Departamento de Estado considerar as garantias de segurança "críveis", o ICE poderá proceder com a deportação sem procedimentos adicionais.

A nova política surge após uma decisão da Suprema Corte dos EUA que permitiu a deportação de migrantes para países sem vínculos familiares ou culturais. O tribunal suspendeu uma ordem anterior que bloqueava essas deportações, permitindo que a administração Trump enviasse migrantes para nações como Sudão do Sul, que enfrenta uma grave crise humanitária.

Lyons afirmou que migrantes que expressarem medo de serem deportados serão avaliados para possíveis proteções. Contudo, especialistas alertam que o curto prazo para notificação não é suficiente para que os migrantes busquem proteção legal. A secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, defendeu a medida como essencial para a segurança do país, afirmando que muitos países estão dispostos a acolher cidadãos deportados até que possam retornar a seus lares.

Até o momento, a administração Trump já deportou alguns estrangeiros para países diferentes de seus de origem, gerando controvérsias. A nova política do ICE promete intensificar essa prática, com deportações se tornando mais comuns nos próximos meses.