Vibe coding: a nova tendência de programação impulsionada pela inteligência artificial

Criar aplicativos, sites ou jogos sem saber programar é uma realidade com o vibe coding, que ganhou destaque em 2024. Essa abordagem permite que usuários gerem código funcional a partir de comandos em linguagem natural, utilizando ferramentas de inteligência artificial (IA) como Lovable e Replit. A ideia central é que a programação se baseia na "vibe" do projeto, permitindo que qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento técnico, desenvolva soluções.

Com a popularização do vibe coding, uma em cada quatro startups aceleradas pela Y Combinator relatou que até 95% de seu código foi gerado por IA. Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, explica que essa técnica transforma descrições em linguagem natural em código funcional, com o programador atuando como um diretor criativo. Ao invés de ditar a lógica linha por linha, o usuário descreve objetivos e a IA sugere códigos que podem ser testados e ajustados.

A Evolução do Desenvolvimento de Software

O termo "vibe coding" ganhou força em fevereiro de 2024, após um post de Andrej Karpathy, ex-diretor da Tesla e OpenAI. Ele descreveu essa nova forma de programar, onde a interação em linguagem natural permite que modelos como ChatGPT e Claude gerem código sem a necessidade de detalhes manuais. Essa abordagem atrai tanto desenvolvedores experientes, que buscam acelerar tarefas, quanto profissionais de outras áreas, que veem uma oportunidade de testar ideias rapidamente.

Marcell Almeida, CEO da escola de cursos PM3, destaca que, mesmo com algum conhecimento em programação, o vibe coding facilita a criação de protótipos. "Antes, algo podia levar meses. Agora, em semanas, consigo testar com usuários", afirma. Leonardo Zeferino, diretor de IA da OneBrain, observa que essa técnica democratiza o desenvolvimento, permitindo que pessoas não técnicas criem seus próprios aplicativos.

Desafios e Oportunidades

Apesar das vantagens, a falta de entendimento do código gerado pode trazer riscos, como bugs ocultos e problemas de segurança. Raul Ikeda, professor do Insper, alerta que depender exclusivamente do vibe coding pode impedir o aprendizado de fundamentos importantes. Emerick complementa que essa prática deve ser vista como um complemento à formação técnica, não como um substituto.

O vibe coding se diferencia do no-code, que utiliza interfaces visuais para criar sistemas simples. Enquanto o no-code limita-se a templates, o vibe coding gera código real e personalizável. Zeferino, que começou com no-code, vê o vibe coding como uma evolução significativa. "É muito mais fácil e abre uma grande porta cheia de oportunidades", conclui.

Nos próximos anos, espera-se que o vibe coding se torne uma prática comum no desenvolvimento de software. Com o avanço da tecnologia, modelos de IA devem se tornar mais sofisticados, gerando códigos mais seguros e eficientes. Emerick prevê a criação de novas profissões, como engenheiros de prompt e auditores de IA, à medida que essa abordagem se consolida no mercado.