Irã considera improváveis negociações nucleares bem-sucedidas com os EUA

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou nesta terça-feira, 20, que não espera resultados nas negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano. Ele criticou as exigências de Washington, considerando-as um "grande erro" que inviabiliza qualquer avanço nas conversas. Khamenei mencionou que as negociações indiretas durante o governo do ex-presidente Ebrahim Raisi não resultaram em progresso, e expressou ceticismo sobre a atual rodada de diálogos.

O impasse principal gira em torno do enriquecimento de urânio, essencial para fins civis, mas que pode ser utilizado para a produção de armas nucleares. O Irã defende que seu direito ao enriquecimento é garantido pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e considera essa questão inegociável. Por outro lado, o enviado especial do ex-presidente Donald Trump, Steve Witkoff, afirmou que os EUA não podem permitir qualquer capacidade de enriquecimento no Irã, mas apresentou uma proposta alternativa que busca respeitar os interesses iranianos.

As declarações de Khamenei surgem após a retomada das conversas diplomáticas em Omã, que têm sido descritas como "difíceis". Uma nova rodada de negociações está prevista para ocorrer na Europa, embora detalhes ainda não tenham sido confirmados. Desde que os EUA se retiraram do acordo nuclear de 2015, o Irã aumentou sua produção de urânio além dos limites estabelecidos, condicionando qualquer retorno ao pacto à suspensão das sanções econômicas.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou que o Irã já possui cerca de 200 quilos de urânio enriquecido a até 60%, quantidade suficiente para potencialmente produzir até quatro armas nucleares. O clima de tensão se intensificou, com ameaças militares sendo reavivadas. Trump já havia prometido bombardear instalações iranianas caso as negociações falhassem, relembrando um período de hostilidade que quase resultou em guerra no Oriente Médio. Apesar da escalada, tanto Washington quanto Teerã afirmam que ainda acreditam na diplomacia, embora o sucesso das negociações pareça cada vez mais distante.