09 de jul 2025
Cristãos sírios consideram deixar o país após ataque a igreja e presença de combatentes estrangeiros
Ataque suicida em Damasco intensifica crise entre cristãos e governo; temor de emigração em massa cresce com a violência sectária.
Uma estátua da Virgem Maria fica no topo de um penhasco com vista para as casas de Maaloula, uma vila onde o aramaico ainda é falado, localizada a cerca de 60 km ao norte de Damasco, Síria, 25 de dezembro de 2024. (Foto: AP Photo/Leo Correa, File)
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Ataque suicida em igreja de Damasco deixa 25 mortos e gera protestos entre cristãos
DAMASCO, Síria — Um ataque suicida na igreja Mar Elias, em Damasco, no dia 22 de junho, resultou na morte de 25 pessoas e ferimentos em dezenas. O incidente provocou uma onda de protestos entre a comunidade cristã, que clama pela saída de combatentes estrangeiros do país. Desde a remoção de Bashar Assad, a situação dos cristãos na Síria se agravou, com o aumento da violência sectária.
O governo, sob a liderança do presidente interino Ahmad al-Sharaa, enfrenta críticas por sua resposta considerada inadequada ao ataque. Muitos cristãos se sentiram desrespeitados, pois as vítimas não foram reconhecidas como "mártires", um título que, segundo eles, deveria ser concedido a todos os mortos, independentemente da religião. A situação levanta preocupações sobre uma possível emigração em massa, semelhante ao que ocorreu no Iraque após a queda de Saddam Hussein.
Crescimento da violência sectária
A presença de grupos militantes islâmicos, como o Hayat Tahrir al-Sham, tem gerado um clima de insegurança. O ataque à igreja foi classificado pela principal autoridade religiosa grega ortodoxa como o pior crime contra cristãos em Damasco desde 1860. Embora o governo tenha atribuído a responsabilidade ao grupo extremista Estado Islâmico, este não reivindicou a autoria, e um grupo menos conhecido, Saraya Ansar al-Sunna, afirmou que um de seus membros foi o autor.
A resposta do governo à crescente islamização e à violência sectária é observada de perto por países como os Estados Unidos, que consideram a possibilidade de levantar sanções. A promoção de combatentes estrangeiros a altos postos militares por al-Sharaa também levanta questões sobre a estabilidade futura da Síria.
Fuga de cristãos e a situação atual
A comunidade cristã, que representava cerca de 10% da população pré-guerra, já viu centenas de milhares de seus membros deixarem o país. Durante o conflito, muitos enfrentaram ataques diretos, incluindo sequestros e destruição de igrejas. O Patriarca grego ortodoxo de Antioquia, John X Yazigi, reafirmou a importância dos cristãos na Síria, afirmando que eles são uma parte essencial do país.
A crescente islamização é visível em várias áreas, com missionários muçulmanos promovendo conversões e restrições sociais sendo impostas. Um cristão anônimo mencionou que está considerando imigrar para o Canadá ou Austrália devido à insegurança. A situação continua a se deteriorar, e muitos temem que a presença de combatentes estrangeiros possa se tornar uma norma, exacerbando ainda mais a crise humanitária no país.
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