Segurança reforçada em Karbala para a comemoção do Ashoura pelos peregrinos xiitas

BAGDAD — Dezenas de milhares de peregrinos chegaram à cidade iraquiana de Karbala neste sábado, 7 de outubro, para as celebrações de Ashoura, um dia sagrado para os muçulmanos xiitas que recorda o martírio do Imam Hussein, neto do Profeta Muhammad. Este evento religioso é um dos maiores do mundo xiita e simboliza a resistência contra a tirania.

As festividades ocorrem em um contexto de crescentes tensões regionais, especialmente após a recente guerra entre Israel e Irã. A situação se agrava com a queda do ex-presidente sírio Bashar Assad e a morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah. Em meio a isso, o governo iraquiano intensificou a segurança em Karbala, onde as ruas estão repletas de estações oferecendo comida e água aos peregrinos, que vêm de diversas partes do Iraque e do exterior, incluindo Irã, estados do Golfo, Líbano e Paquistão.

Manifestações e Segurança

Durante as cerimônias, muitos participantes realizaram rituais tradicionais de luto, como batidas no peito e lamentações. Embora a ocasião seja religiosa, alguns manifestantes aproveitaram para expressar sua oposição a Israel e aos Estados Unidos, com bandeiras em apoio ao "Eixo da Resistência", que inclui facções e governos apoiados pelo Irã. O ministro do Interior do Iraque, Abdul Amir al-Shammari, se reuniu com autoridades de segurança para discutir medidas de proteção para as grandes multidões.

O ministério da Interior informou que a reunião focou em reforçar o controle nas entradas da cidade e intensificar operações de inteligência. O grupo extremista Estado Islâmico e outras facções que seguem uma interpretação radical do islamismo sunita têm atacado eventos de Ashoura no passado, o que aumenta a preocupação com a segurança.

Debate sobre Milícias

Abu Ali al-Askari, porta-voz da milícia Kataib Hezbollah, alinhada ao Irã, afirmou que "as armas da resistência protegeram o Iraque" e que não serão entregues, independentemente da pressão interna ou externa. Suas declarações surgem em meio a um debate nacional renovado sobre o futuro das facções armadas no país, especialmente após as recentes escaladas regionais.

A região autônoma do Curdistão iraquiano também relatou um incidente com um drone que caiu perto da capital Irbil, atribuindo a ação a grupos ligados às Forças de Mobilização Popular, que buscam criar caos. O exército iraquiano respondeu que as acusações eram "inaceitáveis" e careciam de evidências, alertando que isso poderia justificar ações hostis contra a estabilidade do Iraque.