Brasil ignora passado e normaliza amnésia, afirma diretor sobre anistia

Kleber Mendonça Filho, cineasta brasileiro, apresentou seu novo filme, O Agente Secreto, no Festival de Cannes, onde recebeu aplausos entusiasmados durante a estreia no domingo, 18. Na coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, 19, o diretor criticou a amnésia histórica do Brasil em relação à anistia de 1979, que, segundo ele, foi normalizada pelo governo militar que cometeu atos de violência desde 1964.

Mendonça Filho afirmou que essa amnésia causou um trauma na psicologia do País. O filme, que é o terceiro longa do diretor a competir pela Palma de Ouro, se passa no Brasil de 1977 e segue a história de Marcelo, interpretado por Wagner Moura, um especialista em tecnologia que retorna ao Recife em busca de paz, mas descobre que a cidade não é o refúgio que esperava.

Contexto Político

Durante a coletiva, o ator Wagner Moura destacou que o desenvolvimento do filme ocorreu em um período de intensa pressão política. Ele mencionou que o projeto levou quatro anos para ser concluído, começando em um cenário de distopia política. O diretor descreveu O Agente Secreto como uma "reprodução artística, e talvez poética, de um pensamento que existe", referindo-se à crise nas universidades dos Estados Unidos, que enfrentam ataques por promoverem interpretações científicas do mundo.

A obra, que promete impactar o público, reflete sobre questões sociais e políticas relevantes, alinhando-se com a trajetória de Mendonça Filho no cinema. O filme já é comparado a obras anteriores do diretor, como Ainda Estou Aqui, que também abordou temas de relevância social.