Trump ameaça Brics e diretor da Fitch alerta para impactos no Brasil

NOVA YORK - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% sobre importações de países que se alinhem às políticas do Brics, bloco do qual o Brasil faz parte. A declaração foi feita em meio a um cenário de incertezas nas relações comerciais entre os dois países.

O Brasil já havia enfrentado tarifas de 10% em abril, mas estava em uma trégua de negociações que se encerra em 9 de julho. O co-chefe de títulos soberanos da América Latina da Fitch Ratings, Todd Martinez, destacou que a ameaça de Trump pode se aplicar ao Brasil, que não se posicionou ideologicamente alinhado ao governo americano.

Trump afirmou em sua rede social que “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics será submetido a uma tarifa adicional de 10%”. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu que o Brasil é “soberano” e pode retaliar, afirmando: “Se o Trump pode taxar, nós podemos taxar também”.

Incertezas Comerciais

A situação permanece volátil, com rumores na imprensa americana sugerindo que o governo Trump pode não impor imediatamente novas tarifas. Analistas, como Roberto Dumas, alertam que a desdolarização proposta pelo Brics é um processo complexo e distante, e que a pressão interna pode levar Trump a adiar decisões tarifárias.

O impacto das ameaças tarifárias já é visível nos mercados, com o dólar em alta e o Ibovespa em queda. Dumas observa que um retorno às tarifas anteriores poderia causar um caos econômico global. A falta de clareza nas decisões de Trump gera preocupações sobre a sustentabilidade de sua estratégia comercial.

A tensão entre os dois países se intensificou ainda mais quando Trump mencionou o Brasil em relação à “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, defendendo que apenas os eleitores brasileiros deveriam decidir sobre o futuro político do país.