A IA transforma a arte e gera debates sobre sua autenticidade e valor

Edgard Telles Ribeiro, escritor e diplomata aposentado, tomou posse na Academia Brasileira de Letras e destacou a importância da Convenção sobre a Diversidade Cultural da Unesco. Em seu discurso, ele enfatizou que esse marco jurídico internacional, aprovado há 13 anos, protege as diversidades culturais diante de culturas dominantes.

Ribeiro expressou preocupações sobre os impactos da inteligência artificial na criação artística. Ele alertou para a possível perda da relação íntima entre o artista e sua obra, um vínculo que considera essencial para a criação. O autor questionou se a atual geração será a última a vivenciar essa conexão profunda entre criador e criação.

O escritor ressaltou que a prática artística exige recolhimento e reflexão, elementos que podem ser prejudicados pela inteligência artificial. Segundo ele, a agilidade e a facilidade proporcionadas por essas tecnologias podem eliminar o processo criativo, que envolve dúvidas, experimentações e até erros. Ribeiro afirmou que o artista não precisa de facilitadores, pois a verdadeira inspiração deve vir do próprio autor.

Além disso, ele alertou para os riscos de manipulações tecnológicas que poderiam resultar na criação de obras que imitam grandes mestres, como Beethoven e Machado de Assis. Essa possibilidade, segundo Ribeiro, não apenas ameaça a diversidade cultural, mas também a essência da arte, reduzindo-a a meras formas de entretenimento. O silêncio sobre essas questões, conforme ele, é preocupante e merece atenção.