Tarifas de Trump impactam preços do café, frutas e carnes no Brasil

Os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 40% sobre produtos alimentícios importados, somando-se a uma taxa anterior de 10%. Essa medida, que entra em vigor em 7 de agosto, impacta diretamente as exportações brasileiras de carnes, café e frutas, com exceção do suco de laranja, que permanece isento.

As carnes bovinas já enfrentavam uma tendência de queda, com o preço da arroba do boi gordo recuando 5,29% em julho, de R$ 310,65 para R$ 294,20. O economista Fábio Romão, da LCA 4Intelligence, destacou que a maior oferta de gado e a incerteza gerada pela nova tarifa estão pressionando os preços para baixo. Ele prevê que o impacto será sentido no varejo entre agosto e setembro.

Oscilações nos Preços do Café e Frutas

O café também apresenta oscilações, com uma leve queda de 0,57% em julho, passando de R$ 1.807,41 para R$ 1.797,02. A volatilidade do mercado torna difícil prever a tendência futura. No setor de frutas, as mangas, especialmente, estão em queda. No Vale do São Francisco, o preço da manga tommy caiu de R$ 1,50 para R$ 1,36 por quilo em apenas uma semana.

Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados, alertou que os preços podem cair ainda mais, afetando a rentabilidade dos produtores. Lucas Bezerra, especialista do Cepea, observou que a alta oferta e o consumo reduzido no inverno estão desafiando a fruticultura, que não tem alternativas para lidar com a perecibilidade dos produtos.

Impacto nas Exportações

As tarifas já estão afetando as exportações brasileiras. Dados mostram que o Brasil embarcou apenas 2,4 milhões de sacas de café até o final de julho, em comparação a 3,8 milhões no mesmo período do ano anterior. A associação Abiec relatou que algumas fábricas de carne bovina interromperam a produção destinada aos EUA, resultando em uma queda de 23% nas importações americanas até o final de julho.

As autoridades brasileiras estão pressionando por isenções tarifárias adicionais. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mencionou a possibilidade de isenções para produtos não produzidos localmente, mas o processo ainda é incerto. A situação gera ansiedade no setor, que aguarda desdobramentos sobre as tarifas e suas consequências.