16 de jul 2025
'Apocalipse nos Trópicos' expõe preconceitos sobre as igrejas evangélicas no Brasil
Documentário "Apocalipse nos Trópicos" critica apoio evangélico a Bolsonaro, mas falha em explorar a complexidade do engajamento político.

Apocalipse nos Trópicos (Foto: Netflix/Divulgação)
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O documentário Apocalipse nos Trópicos, dirigido por Petra Costa, estreou na Netflix no dia 14 de outubro e aborda a relação entre evangélicos e a política brasileira. O filme destaca o apoio desse grupo a Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e 2022, além de sua presença em eventos como os acampamentos em frente aos quartéis e a invasão das sedes dos três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro.
A obra, no entanto, tem sido criticada por sua abordagem superficial das motivações evangélicas. A diretora utiliza explicações teológicas que muitos consideram questionáveis, ignorando a complexidade do engajamento político desse segmento. O título do documentário, que faz referência ao clássico "Tristes Trópicos", sugere um preconceito cultural, levantando questões sobre a democracia brasileira e seu estado atual.
Entre as explicações teológicas apresentadas, destaca-se o Darbismo, que sugere que o retorno de Jesus à Terra será precedido pelo Armagedon. Essa visão, no entanto, é contestada por muitos evangélicos que acreditam que a igreja deve se concentrar na conversão de indivíduos, não na transformação política. A inclusão dessa doutrina como motivação para o engajamento no golpismo é considerada uma simplificação.
Críticas à Abordagem
Outra teoria discutida no documentário é a teologia do domínio, defendida por Silas Malafaia. Ele argumenta que a democracia deve refletir a vontade da maioria cristã. Contudo, essa visão é uma importação recente e pouco aceita entre muitos pastores e fiéis. A escolha de Malafaia como porta-voz dessa ideia é vista como uma forma de evitar a complexidade política e religiosa do Brasil.
Para uma análise mais profunda, seria necessário ouvir vozes como a do deputado Marcos Pereira, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, que apresenta uma perspectiva diferente. O Republicanos, partido que ele lidera, tem uma presença significativa na política, incluindo ministérios no governo Lula.
O documentário poderia ter explorado melhor a diversidade de opiniões dentro do universo evangélico. A análise do fenômeno golpista no Brasil não deve se restringir a um único grupo, pois envolve militares, empresários e outras categorias da população. A complexidade do autoritarismo no Brasil sugere que uma investigação mais abrangente poderia render insights valiosos.
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