- O ex-primeiro ministro Alexis Tsipras, em seu memoir Ithaki, acusa Yanis Varoufakis de ego excessivo e de ter agenda pessoal para promover seus livros.
- Tsipras diz que Varoufakis privilegiou teorias econômicas e visibilidade pública, tornando a negociação mais arriscada para o país.
- As negociações quase levaram a Grécia a deixar o euro, com termos de resgate duríssimos e oposição de figuras como Wolfgang Schäuble; houve referendo em julho de dois mil e quinze.
- Varoufakis renunciou após o plebiscito e hoje lidera o partido MeRA 25, alvo das críticas de Tsipras sobre o estilo de negociação.
- O ex-líder Syriza busca retorno político, defendendo mudanças na Europa e criticando políticas neoliberais, segundo o livro que reúne relatos dos bastidores.
Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da esquerda grega, aparece novamente no centro de uma controvérsia complexa. O lançamento do memoir Ithaki, do ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, reacende o debate sobre o papel do economista nas negociações com Bruxelas durante a crise grega.
Tsipras, de 51 anos, descreve Varoufakis como egocênitário e mais interessado em testar suas teorias do que em fechar acordo para manter a Grécia na zona do euro. Segundo o livro, o então ministro foi escolhido pela reputação internacional e pela habilidade de oratória, mas tornou-se, na visão do premiê, um empecilho.
De acordo com Tsipras, as negociações com a Alemanha e outros credores foram um experimento para provar as ideias econômicas de Varoufakis, não apenas para obter melhores condições para o país. O resultado, afirma o ex-primeiro-ministro, aproximou a Grécia da saída do euro e expôs vulnerabilidades políticas internas.
Acusações de Tsipras
O livro afirma que a aposta de Varoufakis em um confronto público alterou o clima entre aliados e dentro do governo. Tsipras diz ter percebido, cedo, que o estilo de Varoufakis colocava o país em risco e ajudava hawks na Europa a avançar com posições duras.
Tsipras relata ainda que o ministro apresentou, em plano de contingência, ideias como moeda paralela e vale-pontos para pensionistas, o que, segundo ele, sinalizava uma linha de negociação incompatível com um acordo estável. O resultado foi a percepção de desgaste político interno.
Varoufakis, hoje à frente do partido MeRA 25, é retratado no texto como figura central na derrota de consensos que poderiam ter evitado medidas de austeridade ainda mais severas. O livro promete trazer uma visão de bastidores sobre os choques entre o governo grego e seus parceiros europeus.