- Putin aprovou um projeto que descriminaliza a violência doméstica, em meio a restrições contínuas aos direitos de LGBTQ+.
- O livro Motherland, de Julia Ioffe, revisita o renascer feminista na Rússia no século XX, destacando Kollontai, Armand e a legalização do aborto em mil novecentos vinte.
- Na época soviética, houve avanços como educação igualitária e direito ao trabalho, mas houve recuo após a Segunda Guerra Mundial, com políticas para aumentar a natalidade e a restrição do aborto.
- No período de Stalin, surgiram medidas como taxação de quem não tem filhos e apoio a mães com muitos filhos, além da criação da “single mother” e maior pressão sobre a reprodução feminina.
- Hoje, sob o governo de Vladimir Putin, há pressão sobre direitos das mulheres, restrições ao aborto regionalizadas e fechamento de organizações de defesa contra violência doméstica; em dois mil e vinte e quatro nasceram cerca de um milhão e duzentos mil niños, sinalizando declínio demográfico.
O lançamento do livro Motherland: A Feminist History of Modern Russia, de Julia Ioffe, revisita o renascimento feminista russo no século XX e o retrocesso recente. A obra conecta as conquistas de Kollontai e Armand com o endurecimento posterior das políticas de gênero sob Stalin e, mais tarde, sob Putin.
Ioffe mostra como a Rússia viveu a primeira revolução feminista, com direitos como educação, direito ao trabalho e aborto legalizado em 1920. O texto relaciona as mudanças a tendências demográficas e aos choques trazidos pela Segunda Guerra Mundial.
O estudo também analisa o papel das mulheres na ativa militar durante a Segunda Guerra e o subsequente recuo demográfico, que moldou políticas de incentivo à maternidade ao longo do século XX. A autora traça paralelos com a atual agenda demográfica russa.
Mudanças recentes no cenário de direitos
Relatos sobre No to Violence, considerado de financiamento estrangeiro e fechado em 2023, e restrições regionais ao aborto destacam o impacto político sobre organizações feministas. Dados oficiais indicam 1,2 milhão de nascimentos em 2024, sinal de declínio demográfico persistente.
O livro também aponta medidas para incentivar a natalidade, com pagamentos regionais a estudantes e restrições a serviços de aborto. A análise sugere continuidade de políticas seculares de suporte à maternidade e pressão sobre serviços de saúde.
Ioffe conclui que, apesar de avanços históricos, a igualdade de gênero na Rússia permanece sob tensão entre avanços passados e pressões contemporâneas, com o ciclo de reformas sempre sujeito a contrapesos do poder.