- O bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, enfrenta intensificação das tensões entre israelenses e palestinos desde o início da guerra em outubro de 2023.
- Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que, em 2023, foram demolidas 610 construções e 1.637 pessoas foram deslocadas.
- As demolições, que já eram comuns, aumentaram após os ataques de 7 de outubro.
- Ativistas afirmam que o governo israelense utiliza demolições e ordens de despejo para controlar a população palestina, caracterizando uma possível limpeza étnica.
- Além das demolições, três escolas foram fechadas por ensinar um currículo considerado “proibido”, aumentando a tensão na comunidade palestina de Jerusalém Oriental, que conta com cerca de 360 mil habitantes.
O bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, tem sido um ponto central nas tensões entre israelenses e palestinos, especialmente desde o início da guerra em outubro de 2023. Dados da ONU indicam que, neste ano, 610 construções foram demolidas e 1.637 pessoas foram deslocadas. As demolições, que já eram uma prática comum, aumentaram significativamente após os ataques de 7 de outubro.
Historicamente, Sheikh Jarrah abriga famílias palestinas desde 1948, após a expulsão de suas cidades. A disputa por terras se intensificou com a pressão de colonos israelenses, que alegam que algumas propriedades pertenciam a judeus antes de 1948. Essa situação gerou um ciclo de violência, culminando na Crise de 2021, quando o Hamas respondeu a planos de despejo com ataques a Israel.
Aumento da Repressão
Ativistas palestinos, como Yazan Rishiq, afirmam que a repressão se intensificou após o início do conflito atual. Segundo Rishiq, o governo israelense utiliza demolições e ordens de despejo como ferramentas para controlar a população palestina. Ele destaca que 2023 e 2024 estão se tornando os anos com mais demolições desde 2009.
As autoridades israelenses justificam as demolições com alegações de construções irregulares e questões de segurança. No entanto, muitos palestinos veem essas ações como parte de uma estratégia sistemática de limpeza étnica. Rishiq, que dirige a ONG Grassroots Jerusalem, observa que a vida comunitária dos palestinos está sendo severamente afetada.
Impacto Cultural e Educacional
Além das demolições, a repressão se estende a instituições educacionais. Três escolas foram fechadas por ensinar um currículo considerado “proibido” por Israel, que inclui a narrativa da Nakba, o deslocamento forçado de palestinos em 1948. Essa situação gera um clima de tensão crescente entre as comunidades.
Os palestinos em Jerusalém Oriental, que somam cerca de 360 mil, enfrentam um dilema: aceitar a cidadania israelense ou manter um status de “residente permanente”, que é vulnerável a revogações. A complexidade do status de Jerusalém, reivindicada por ambos os lados, continua a alimentar o conflito, com a comunidade internacional dividida sobre a solução para a questão.