- O primeiro-ministro japonês Sanae Takaichi sinalizou revisar a política de hosting de armas nucleares, abrindo debate público sobre o tema.
- Mudanças estratégicas regionais colocam Japão e Coreia do Sul sob pressão para considerar deterentes independentes dentro da aliança com os EUA.
- A análise indica que, no longo prazo, ambos os países podem buscar dissuasores nucleares próprios, com a dissuasão estendida dos EUA recebendo maior escrutínio.
- No Japão, é necessário construir consenso nacional por meio de um debate aberto e realista, pois o apoio público atual não é suficiente para sustentar uma mudança rápida.
- Historicamente, o Japão adota três princípios não nucleares (não posse, não produção, não introdução), mas mudanças no cenário global e regional tornam a revisão desse quadro mais provável.
O primeiro-ministro do Japão, Sanae Takaichi, sinalizou que o governo pode rever a política de hosting de armas nucleares. O anúncio, feito no início deste mês, abre espaço para um debate público sobre o tema, diante de mudanças estratégicas na região. A pauta busca entender se a elaboração de deterência nuclear será necessária.
O Japão mantém três princípios não-nucleares: não posse, não produção e não introdução de armas atômicas. Ainda assim, especialistas destacam que a presença de armamentos dos EUA em bases como Okinawa sustenta a dissuasão e influencia decisões de segurança, mesmo com o envelhecimento do acordo de aliança.
Há pressão regional para deterência independente, com a Coreia do Sul recebendo apoio público já perceptível. Em democracias, a segurança depende de uma base de suporte popular; no Japão, essa base ainda não está formada para uma mudança tão sensível. O governo aponta a necessidade de debate aberto e realista para construir consenso.
Implicações estratégicas
Analistas destacam que a evolução da postura japonesa pode redefinir o equilíbrio no Indo-Pacífico. A erosão da dissuasão ampliada dos EUA é citada como fator que empurra Japão e Coreia do Sul a considerar opções próprias. Em paralelo, cresce o debate sobre prazos, capacidades de entrega e impactos regionais.
Especialistas destacam ainda que qualquer mudança não viria sem custos políticos internos. A discussão envolve não apenas a viabilidade técnica de desenvolver armas, mas a aceitação pública, alianças regionais e o peso de compromissos com tratados de não proliferação.