- Irã busca ampliar seu soft power após a ofensiva de Trump em junho e o ataque de Israel a negociadores do Hamas no Qatar, tentando melhorar relações na região.
- Um think tank ligado ao Ministério das Relações Exteriores realizou, em Teerã, o fórum “direito internacional sob ataque” e discutiu reorientação e alianças com Arábia Saudita, Egito e Qatar.
- Diplomatas iranianos sinalizam que Washington é hoje visto como atacante do sistema internacional, impulsionando a busca por parcerias regionais estáveis.
- Observadores apontam mudança de formação no Golfo, com países da região conduzindo uma leitura menos hostil a Irã, embora o desafio permaneça.
- Mesmo com abertura, autoridades ressaltam que Irã continua investindo em poder militar e nuclear, ao mesmo tempo enfrentando inflação elevada e pressão interna.
O Irã realiza movimentos para redefinir sua política externa após tensões com os Estados Unidos e ataques recentes na região. Um thinktank ligado ao Ministério das Relações Exteriores organizou, em Teerã, um fórum sobre “direito internacional sob ataque” para discutir reorientação regional e possíveis alianças com Arábia, Egito e Qatar.
Diplomatas iranianos e acadêmicos debateram a avaliação de que os EUA se tornaram o principal agente de desrespeito ao ordenamento internacional, abrindo espaço para aproximações com vizinhos do Golfo. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, ressaltou que as bases do direito internacional foram alvo de ataques sem precedentes.
Mudança de discurso no Golfo
Analistas e autoridades citados pelo fórum destacaram um cenário de recuo da hostilidade histórica ao Irã por parte de alguns países do Golfo, que passaram a considerar a possibilidade de relações mais estáveis com o Irã. Observadores internacionais veem potencial para maior cooperação regional, desde que haja segurança e confiança mútua.
Entre os debatedores, o norte-americano Trita Parsi avaliou que a opinião pública no Golfo pode permitir leituras menos confrontacionais sobre o Irã, em meio a mudanças de percepção sobre Israel e as capacidades militares regionais. Já Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã, argumentou que o mundo passa por transformação de poder e que o Irã deve explorar oportunidades de alianças sem abandonar seu poder coercitivo tradicional.
O fórum também discutiu capacidades estratégicas, incluindo defesa antiaérea, aquisição de aeronaves russas e preservação de instalações nucleares sob vigilância externa, sem sinal de abandono de direitos nucleares. Funcionários iranianos enfrentam pressões internas para avançar negociações, ao mesmo tempo em que questionamentos sobre liberação de prisioneiros e restrições online permanecem na pauta doméstica.