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Cadeiras vazias no futebol revelam violência que ameaça a paixão

Campanhas como Cadeiras Vazias não freiam a violência; Anesporte permanece vetada e reconhecimento facial é obrigatório em estádios com 20 mil lugares, mas não basta

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Por Revisado por Luiz Cesar Pimentel
Torcedor sofre violência sexual em briga de torcidas de Santa Cruz e Sport (Foto: Reprodução)
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  • Em dois mil e vinte e três foram registrados cento e cinquenta e oito episódios de violência envolvendo torcidas, como parte das quarenta e oito mortes ligadas ao tema entre mil noventa e oito e dois mil e vinte e três, conforme Observatório da Violência no Futebol.
  • O clássico Sport x Santa Cruz, ocorrido em fevereiro de dois mil e vinte e três, em Recife, deixou doze pessoas feridas e catorze presas; há histórico de incidentes graves na cidade, incluindo um caso ocorrido há aproximadamente onze anos.
  • A política de torcida única, adotada em são paulo em dois mil e dezesseis, reduziu brigas dentro dos estádios, mas não impediu violência nos arredores e acabou punindo empresas, não somente indivíduos.
  • Em dois mil e vinte e três foi lançado o Projeto Estádio Seguro, com cooperação entre ministérios e a Confederação Brasileira de Futebol; no entanto, a Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte (Anesporte) foi vetada em dois mil e vinte e três e permanece sem análise no Congresso.
  • Em dois mil e vinte e quatro passou a valer a obrigatoriedade de tecnologia de reconhecimento facial para estádios com capacidade mínima de vinte mil lugares; especialistas destacam que isso não basta diante da sofisticação da violência e cobram responsabilização individual e coordenação nacional.

Nos últimos anos, o futebol brasileiro tem convivido com uma violência que vai além das arquibancadas. Dados mostram 384 mortes ligadas ao tema entre 1988 e 2023, e 158 episódios apenas em 2023, registrados pela imprensa, envolvendo confrontos em estádios, terminais de transporte e ruas.

Casos de violência afetam torcedores, jogadores e familiares. Em Recife (PE), o clássico entre Sport e Santa Cruz em fevereiro de 2024 deixou 12 feridos e 14 detidos. O fenômeno não é novo: há 11 anos, um torcedor do Sport morreu após ser atacado dentro de um estádio. Avanços são pontuais, mas ainda insuficientes para frear a violência.

Além disso, políticas públicas persistem apenas parcialmente. Em 2023, foi lançado o projeto Estádio Seguro, com cooperação entre Ministério do Esporte, Justiça e Segurança Pública e CBF. Em 2024, a campanha Cadeiras Vazias busca lembrar as vítimas. Paralelamente, houve o veto à criação da Anesporte em 2023, e a instituição permanece sem análise no Congresso, limitando uma coordenação nacional contínua.

Desafios e políticas públicas

A Lei Geral do Esporte abriu caminho para mudanças estruturais, incluindo a obrigatoriedade de reconhecimento facial em estádios com capacidade igual ou superior a 20 mil lugares, em vigor desde este ano. Contudo, especialistas afirmam que isso não resolve a violência nos arredores das arenas.

A ausência de uma autoridade nacional capaz de unificar diretrizes permanece como entrave. Projetos de lei e campanhas seguem sem avanço sólido, enquanto a impunidade persiste e a responsabilização individual não é sempre efetiva.

Entre as lições internacionais, o Reino Unido mostra que políticas de tolerância zero e responsabilização direta de torcedores mudaram o ambiente dos estádios. O Brasil é lembrado da necessidade de combinar responsabilização individual, coordenação nacional e continuidade institucional para proteger o espetáculo.

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