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A arte como classe de ativo estaria chegando ao fim?

Mercado de arte perde fôlego como classe de ativo; retornos caem, ricos reduzem alocações e houve liquidações, após venda do toilet de Maurizio Cattelan por US$10 milhões

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Por Revisado por Luiz Cesar Pimentel
Maurizio Cattelan, America (2016) hammered at Sotheby's New York for $10m; Courtesy of Sotheby's
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  • A Sotheby’s, em Nova York, vendeu o toilet de ouro maciço de Maurizio Cattelan por US$ 10 milhões, ligeiramente acima do preço spot do ouro.
  • O consignador, Steve Cohen, pode ter lucrado até US$ 5 milhões, segundo cálculos da Artnet.
  • A Geneva Freeport é estimada em US$ 100 bilhões em obras de arte; existem cerca de 3.500 freeports no mundo.
  • Um relatório conjunto da Deloitte e ArtTactic aponta que a arte como classe de ativo tem retornos em queda e desempenho abaixo de outras opções.
  • A Art Basel/UBS mostra que pessoas com alto patrimônio líquido reduziram a exposição à arte: alocação média caiu para 15% em 2024, frente 19% em 2023 e 24% em 2022.

Maurizio Cattelan teve uma obra de arte inusitada leiloada em Nova York: o toilet de ouro maciço, binário entre arte e metal precioso, foi vendido pela Sotheby’s por 10 milhões de dólares, superando ligeiramente o preço do ouro spot. O lance elevou a peça a um caso emblemático de valorização pela curiosidade pública e pelo valor estético, mesmo diante de debates sobre o papel de bens de alto valor no mercado de arte.

O consignador do ato foi o investidor Steve Cohen, segundo estimativas, que pode ter obtenido lucro de até 5 milhões de dólares conforme cálculos de Artnet. A transação ocorreu no contexto de discussões sobre o que realmente determina o preço da arte, especialmente diante de espaços de guarda como freeports, onde obras ficam protegidas e inacessíveis ao público. Em Genebra, o maior entre eles, estima-se que haja cerca de 100 bilhões de dólares em arte armazenada.

Paralelamente, relatórios recentes indicam queda no retorno da arte como classe de ativo. Um estudo conjunto da Deloitte e ArtTactic aponta que, após mais de 14 anos de acompanhamento, a rentabilidade da arte vem minguando e o alçado histórico de resultados fica abaixo de outras classes de ativos, segundo índices da Artnet. O estudo sinaliza que a ideia de arte como investimento sólido enfrenta pressões no mercado atual.

Outro levantamento relevante é a Art Basel e UBS Survey of Global Collecting, de 2024, que destaca redução no apetite de grandes fortunas pela arte. A pesquisa registra queda nas alocações médias, de 19% em 2023 para 15% em 2024, com números que variam entre 3% e 10% para muitos investidores, conforme as instituições consultadas. A conclusão prática é de maior cautela na carteira de colecionadores ricos.

Mercado em mudança

Especialistas avaliam que o interesse pela arte pode ter migrado para o consumo estético, em vez de fins estritamente financeiro. Profissionais do setor destacam que, embora alguns operadores ainda vendam ativos como forma de diversificação, a percepção de valor passa a depender mais de conteúdo, reputação e contexto histórico.

Para o mercado, o que se observa é uma recalibragem de estratégias. Fundos de investimento em arte e estruturas de fracionamento de obras já enfrentam dificuldades, com descontinuações de operações e menor disposição de bancos privados em indicar esse caminho. A tendência aponta para uma gestão de risco mais conservadora entre grandes investidores.

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