- A Petrobras anunciou um investimento de US$ 2,2 bilhões para retornar ao mercado de etanol até 2029.
- A decisão pode aumentar a competição na cadeia de biocombustíveis no Brasil.
- O banco JPMorgan destaca que a entrada no etanol é uma alternativa viável para a transição energética, apesar da preferência do mercado pela exploração de petróleo.
- O plano pode impactar o fluxo de caixa livre e os dividendos da empresa, além de aumentar sua alavancagem financeira.
- A Petrobras busca um impacto significativo no mercado, sem investir em projetos pequenos, e espera contribuir para o crescimento do setor de biocombustíveis.
A Petrobras (PETR4) anunciou seu retorno ao mercado de etanol, com um investimento de US$ 2,2 bilhões até 2029. Essa decisão pode transformar a cadeia de biocombustíveis no Brasil, aumentando a competição no setor. O banco JPMorgan, em relatório recente, destaca que, apesar da preferência do mercado pela continuidade da exploração de petróleo, a entrada no etanol é uma alternativa viável para a transição energética.
O plano da Petrobras inclui um orçamento significativo, que pode impactar o fluxo de caixa livre e os dividendos em 2,7% e 1,2%, respectivamente. A alavancagem financeira da empresa deve aumentar de 1,4 para 1,5 vez, mas sem ultrapassar US$ 75 bilhões em dívida bruta. Os analistas acreditam que, se bem executada, essa estratégia pode gerar retornos positivos e reposicionar a estatal no agronegócio.
Potencial do Setor
O setor de etanol no Brasil já produz cerca de 36 bilhões de litros por ano, abastecendo quase metade da frota de veículos leves. Com a crescente demanda, a fatia do etanol de milho aumentou de quase zero para 22% da oferta nacional na última década. Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), projeta que a oferta de etanol de grãos pode dobrar até 2032, alcançando até 23 bilhões de litros.
A entrada da Petrobras no etanol pode estimular o apoio governamental aos biocombustíveis, especialmente em regiões como Norte e Nordeste. Além disso, a competição com produtores de etanol de cana-de-açúcar, como a Cosan (CSAN3), deve se intensificar. A estatal tem afirmado que não fará investimentos em projetos pequenos, buscando um impacto significativo no mercado.
Desdobramentos e Expectativas
Os analistas do JPMorgan ressaltam que o retorno ao etanol não compromete a visão positiva sobre a Petrobras. O retorno sobre capital investido (Roic) de uma nova planta de etanol é estimado em 18%, o que reforça a atratividade do negócio. A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, defende que o etanol é um concorrente direto da gasolina, o que pode tornar essa nova empreitada um pilar importante para a empresa.
A expectativa é que a Petrobras, ao avançar no etanol, não apenas diversifique suas operações, mas também se posicione como um player relevante no setor de biocombustíveis, contribuindo para a transição energética do Brasil.