- Estudo publicado na Science mostra que pombos expostos a campos magnéticos controlados ativam neurônios do sistema vestibular, mesmo no escuro.
- Os sinais migraram para regiões como mesopálio e hipocampo, indicando uma rota neural relacionada à orientação espacial.
- A pesquisa aponta que células ciliadas no ouvido interno detectam variações elétricas por meio de canais iônicos sensíveis à voltagem.
- A hipótese de Camille Viguier, de que correntes elétricas no fluido do ouvido interno criam uma bússola biológica, é reacendida.
- Comparado a teorias anteriores envolvendo criptocromos na retina e magnetita no corpo, o estudo foca no ouvido interno como órgão sensor principal.
O estudo publicado na revista Science revela que pombos expostos a campos magnéticos controlados ativam neurônios ligados ao sistema vestibular, mesmo no escuro. A partir dessa resposta neural, sinais se propagam ao mesopálio e ao hipocampo, sugerindo um mecanismo de navegação baseado no ouvido interno.
A pesquisa, liderada pelo neurocientista David Keays, utilizou 13 aves em ambiente livre de magnetismo com campos artificiais ajustados. Após a exposição, os cérebros foram analisados com marcadores de neurônios ativados, mapeando a rota neural gerada pelo estímulo magnético.
Os resultados apontam para células ciliadas nos canais semicirculares responsáveis por detectar variações elétricas. Essas células possuem uma alta concentração de canais iônicos sensíveis à voltagem, o que pode permitir a conversão de mudanças no campo magnético em sinais elétricos.
A hipótese de Viguier, proposta em 1882, ganha novo fôlego: correntes elétricas induzidas no fluido do ouvido interno poderiam atuar como bússola biológica. Embora anterior à discussão recente sobre criptocromos e magnetita, o estudo reforça a possibilidade de um mecanismo auditivo na magnetorrecepção dos pombos.
Em síntese, a pesquisa sugere que a bússola dos pombos pode residir em células do ouvido interno, conectadas a circuitos de orientação. A descoberta reabre debates sobre a contribuição do ouvido interno na navegação magnética de aves migratórias.