- Há vinte e cinco anos, a pesquisadora da UnB Márcia Mortari estuda substâncias do veneno de marimbondos para tratar epilepsia, Parkinson, glaucoma e Alzheimer.
- Compostos isolados incluem occidentalina-1202 e o derivado neurovespina; octovespina é uma versão modificada com potencial de reduzir beta-amiloide em camundongos.
- Simulações computacionais com mecânica quântica e clássica indicam que octovespina pode diminuir a formação de beta-amiloide e desfazer aglomerados já existentes.
- Ainda não há confirmação em humanos; segurança, dosagem e testes clínicos são etapas futuras, com avanços que devem levar tempo.
- O estudo recebe apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com parceria entre Brasil e Estados Unidos.
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) avançam há 25 anos no estudo de toxinas de marimbondos para tratar doenças neurológicas como epilepsia, Parkinson, glaucoma e Alzheimer. A pesquisa envolve isolar compostos ativos no veneno e entender seus mecanismos no sistema nervoso.
O trabalho é liderado pela neurocientista Márcia Mortari, com participação de Luana Camargo. A equipe observa que a paralisação causada pela picada indica ativos relevantes no cérebro, levando à investigação de peptídeos derivados do veneno.
Entre os resultados mais recentes, destaca-se a occidentalina-1202 e seu derivado neurovespina. A versão modificada, octovespina, mostrou potencial para reduzir a beta-amiloide e amenizar déficits cognitivos em camundongos, ainda sem confirmação em humanos.
Simulações e perspectivas
Pesquisas computacionais combinam mecânica quântica e clássica para simular interações moléculares no cérebro. As simulações indicam que octovespina pode reduzir a velocidade de agregação da beta-amiloide e desfazer aglomerados, abrindo caminho para futuras etapas de segurança e dosagem.
Embora os resultados em animais sejam promissores, a transição para humanos exige testes de segurança, eficácia e regulamentação. A equipe aponta a necessidade de estudos adicionais e de aprovação clínica, com prazo estimado de pelo menos uma década.
Os trabalhos atuais contam com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A pesquisa segue na linha de que o veneno de marimbondo pode inspirar novas abordagens terapêuticas para Alzheimer.