Chenin ganha destaque na França após sucesso na África do Sul

O chenin blanc, uma uva com origem na França, está passando por um renascimento. Nos últimos 15 anos, a área plantada na França aumentou 9%, refletindo um crescente interesse por essa variedade. O coletivo "Fan de chenin", fundado em 2018, visa promover o chenin entre jovens e veganos, ressaltando sua identidade regional.

Os viticultores estão otimistas, especialmente diante da demanda por vinhos frescos e espumantes. Philippe Porché, viticultor em Saumur, destaca que é difícil encontrar terrenos disponíveis para o cultivo do chenin. A variedade, que já foi negligenciada, agora é valorizada por sua versatilidade, capaz de produzir vinhos secos, doces e espumantes.

Historicamente, o chenin blanc foi cultivado na França e também se espalhou para a África do Sul, onde hoje representa 52% da área global de cultivo. Apesar de sua popularidade na África do Sul, onde os vinhos adquiriram características únicas, o chenin francês ainda ocupa apenas 1,4% do total de vinhedos do país, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho.

Identidade Regional

Os vinhos de chenin são descritos como "vinhos de lugar", permitindo que o terroir e o viticultor se expressem. Pierre Ménard, que cultiva chenin, afirma que a acidez do vinho é apreciada por chefs e que ele é ideal para acompanhar refeições. O coletivo "Fan de chenin" busca ampliar a comunicação sobre a variedade, evitando um "embalamento" exclusivo.

Pesquisadores destacam que, apesar das diferenças, os chenins francês e sul-africano compartilham um DNA comum. A viticultora Rosa Kruger observa que os vinhos sul-africanos refletem a identidade do país, enquanto Chris Alheit enfatiza a importância de manter a identidade local em vez de criar um chenin globalizado.

Desafios e Oportunidades

Com as mudanças climáticas, os vinhedos sul-africanos, adaptados ao sol intenso, podem ajudar os franceses a enfrentar novos desafios. Virginie Grondain, do Instituto Francês da Vinha e do Vinho, destaca a importância de preservar a diversidade do chenin, com 450 plantas em conservação, incluindo 15 originárias da África do Sul. O interesse pelo chenin está crescendo, com pedidos de mudas de regiões além do Vale do Loire, como o Larzac e o Morbihan.