- O número de novos casos de câncer de mama no Brasil aumentou, com estimativa de quase 74 mil diagnósticos anuais entre 2023 e 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
- A doença é a segunda principal causa de morte por câncer no país, representando 10,5% dos óbitos oncológicos.
- O diagnóstico precoce é fundamental, pois pode elevar as chances de cura para mais de 95%, conforme a mastologista Dra. Arimaza Contarini.
- Fatores de risco incluem idade, histórico familiar e estilo de vida, como excesso de peso e sedentarismo.
- O autoexame e a mamografia são essenciais para a detecção precoce, com recomendações de realização anual a partir dos 40 anos.
O número de novos casos de câncer de mama tem crescido no Brasil, acompanhando uma tendência mundial apontada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Em 2008, eram cerca de 50 mil diagnósticos anuais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Hoje, a estimativa é de quase 74 mil novos casos por ano entre 2023 e 2025. Além disso, a doença tem afetado mulheres cada vez mais jovens, muitas fora da faixa de cobertura da mamografia.
Segundo o Inca, o câncer de mama é a segunda principal causa de morte por câncer no país, representando 10,5% dos óbitos oncológicos. A boa notícia é que, quando descoberto cedo, o tratamento é altamente eficaz. “O diagnóstico precoce pode elevar as chances de cura para mais de 95%”, afirma a médica obstetra Dra. Arimaza Contarini, em entrevista especial
O que aumenta o risco?
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*(Dra Arimaza Contarini – médica obstetra)*
De acordo com a especialista, os fatores de risco se dividem entre os que não podem ser mudados e os que dependem do estilo de vida.
Entre os não modificáveis, estão o sexo feminino, a idade (principalmente após os 50 anos), o histórico familiar e mutações genéticas como nos genes BRCA1 e BRCA2. Também entram nessa categoria a menarca precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 55) e mamas densas.
Já os fatores modificáveis — aqueles que podem ser controlados — estão ligados ao comportamento e à rotina. “O excesso de peso, principalmente depois da menopausa, o consumo de álcool, o sedentarismo e o tabagismo aumentam consideravelmente o risco da doença”, explica Dra. Arimaza. Uma alimentação pobre em frutas, verduras e fibras também contribui negativamente.
Hábitos que protegem
Segundo a médica, adotar um estilo de vida saudável é a melhor forma de reduzir os riscos. “Manter o peso adequado, praticar exercícios regularmente e evitar bebidas alcoólicas são atitudes que fazem diferença real na prevenção”, diz.
Outras medidas protetoras incluem:
- Amamentar: reduz o risco em cerca de 5% a cada 12 meses de aleitamento.
- Praticar exercícios: entre 30 minutos e 1 hora, de 3 a 5 vezes por semana, pode reduzir o risco em até 20%.
- Alimentar-se bem: priorizar alimentos naturais, ricos em fibras e pobres em gordura e açúcar.
- Evitar fumo e álcool: mesmo pequenas quantidades de álcool aumentam o risco, pois elevam o nível de estrogênio.
Além disso, cuidar da saúde emocional e manter o acompanhamento médico regular são essenciais. “O estresse e a ansiedade afetam o equilíbrio do corpo e podem interferir no processo de prevenção”, complementa a especialista.
O papel do autoexame e da mamografia
O autoexame continua sendo uma ferramenta importante de autoconhecimento, mas não substitui os exames clínicos. “Ele deve ser visto como uma forma de se conhecer e perceber mudanças, não como método diagnóstico”, explica a médica.
O exame deve ser feito mensalmente — uma semana após a menstruação, ou em uma data fixa para mulheres na menopausa. Caso a mulher perceba alterações, como caroços, secreção ou retração do mamilo, deve procurar um especialista.
A mamografia é o principal exame para rastreamento e deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos, ou antes, se houver histórico familiar. Em casos específicos, exames complementares como ultrassonografia, tomossíntese e ressonância magnética podem ser indicados.
Diagnóstico precoce: a diferença entre cura e complicação
Identificar o câncer em estágios iniciais faz toda a diferença. “Quando descoberto cedo, o tumor pode ser tratado com procedimentos menos invasivos e maior chance de cura. Em contrapartida, o diagnóstico tardio exige terapias mais agressivas e reduz a taxa de sucesso”, explica Dra. Arimaza.
Estudos mostram que mulheres que realizam mamografias regularmente têm 30% menos risco de morrer pela doença. Além disso, a detecção precoce permite tratamentos mais personalizados e com menor impacto estético e emocional.
Sintomas que merecem atenção
Embora o câncer de mama inicial geralmente não cause sintomas, alguns sinais devem servir de alerta:
- Caroço fixo e indolor na mama ou axila;
- Alterações na pele (vermelhidão, covinhas ou aparência de casca de laranja);
- Retração ou feridas no mamilo;
- Saída de secreção (que não seja leite);
- Inchaço ou caroço no pescoço e axilas.
“Nem toda alteração é câncer, mas toda suspeita deve ser investigada”, reforça a mastologista.
Tratamento e esperança
O tratamento é individualizado e pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal ou terapias-alvo. Em casos iniciais, muitas mulheres conseguem preservar a mama com cirurgias conservadoras, seguidas de radioterapia. “Mesmo quando a mastectomia é necessária, há direito à reconstrução mamária imediata ou posterior”, lembra a especialista.
Após o tratamento, o acompanhamento médico deve ser contínuo, com mamografias anuais e cuidados com o peso, alimentação e saúde mental. “A prevenção não acaba com o fim do tratamento. O acompanhamento é o que garante a qualidade de vida”, afirma Dra. Arimaza.
O impacto do apoio psicológico
O diagnóstico de câncer de mama não afeta apenas o corpo, mas também a mente. “O suporte emocional é tão importante quanto o tratamento físico. Emoções positivas, como otimismo e esperança, fortalecem o organismo e ajudam na recuperação”, ressalta a médica.
Grupos de apoio, terapia e redes de acolhimento são fundamentais para ajudar as mulheres a enfrentarem o processo com mais leveza e confiança.
A mensagem é clara: a detecção precoce salva vidas. Cuidar do corpo, manter hábitos saudáveis e fazer exames regularmente são atitudes que aumentam as chances de cura e reduzem o impacto da doença.
“Quando o câncer de mama é diagnosticado cedo, ele deixa de ser uma sentença e passa a ser um desafio vencível”, conclui a Dra. Arimaza Contarini.