17 de jul 2025
Brasil enfrenta limitações em produtos para negociação, apontam economistas
Brasil se prepara para audiência pública em setembro sobre investigação comercial dos EUA, que pode resultar em sanções e taxações.

Trump reforça que impôs taxação maior ao Brasil do que a outros países por causa de Bolsonaro (Foto: NDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
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O governo brasileiro enfrenta uma investigação do governo americano sobre práticas comerciais, com alegações de superávit e deslealdade comercial. A balança comercial, no entanto, é deficitária para o Brasil há 15 anos. Em setembro, o Brasil terá a chance de se manifestar em audiência pública, mas a economista Lia Valls alerta para a incerteza sobre os objetivos dos EUA e possíveis sanções comerciais.
Lia Valls, pesquisadora do FGV Ibre, afirma que a investigação pode ser uma forma de os EUA justificarem a taxação. A carta enviada ao Brasil, publicada nas redes sociais do presidente americano, continha informações imprecisas, como a menção a um suposto superávit. A economista observa que, se a discussão for realmente comercial, as opções de negociação são limitadas. Além do etanol, o Brasil poderia considerar ceder nas tarifas de máquinas e equipamentos, mas isso poderia gerar conflitos com a União Europeia.
O professor de relações internacionais Leonardo Paz Neves complementa que itens como aço e suco de laranja também são negociáveis. Contudo, ele enfatiza que a disputa não é apenas comercial. O Brasil já estava na "Watch List" do Relatório Especial 301, que identifica países com práticas desleais em propriedade intelectual, o que pode levar a sanções. Benny Spiewak, advogado especializado em direito internacional, observa que a investigação pode ser uma forma de pressão dos EUA para que o Brasil cumpra exigências em um prazo determinado.
As alegações sobre comércio digital e o sistema de pagamento PIX são apontadas como preocupações dos EUA, que se opõem às determinações do Supremo Tribunal Federal. A crítica à corrupção no Brasil também é uma questão levantada, com a necessidade de o país rebater essas acusações. Lia Valls destaca a ironia das críticas dos EUA sobre desmatamento, considerando sua saída do Acordo de Paris.
A balança comercial brasileira se deteriorou, em parte devido ao aumento das importações, que pode ser uma resposta de empresários temerosos de represálias. O Indicador de Comércio Exterior da FGV mostra um crescimento nas exportações para os EUA, mas uma desaceleração recente. A expectativa é que a audiência pública em setembro possa influenciar o andamento do processo de taxação, embora a decisão final dependa do presidente americano.
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