16 de jul 2025
Cuidado redobrado com a soja brasileira e seus impactos ambientais
A produção de soja no Brasil enfrenta uma crise de eficiência, com aumento de pesticidas e queda na produtividade. Mobilização é urgente.

Terreno deforestado para plantar soja junto à selva amazônica no Estado brasileiro de Pará. (Foto: Brazil Photos (LightRocket via Getty Images))
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A Crise da Soja Brasileira
Um estudo do Instituto Escolhas revela que a produção de soja no Brasil se tornou ineficiente e insustentável. Nos últimos 30 anos, o uso de pesticidas aumentou 2.019%, enquanto a produtividade cresceu apenas 2% ao ano. Em 1993, um quilo de pesticidas gerava 21 sacos de soja; em 2023, esse número caiu para apenas sete.
A quantidade de pesticidas utilizados na produção de soja brasileira saltou de 16 mil toneladas para 349 mil toneladas. Essa soja, que alimenta grande parte da pecuária na Espanha e em outros países, é cultivada em áreas que antes eram cobertas por biomas vitais, como a Amazônia e o Cerrado. A área plantada com soja cresceu de 11 milhões para 44 milhões de hectares entre 1993 e 2023.
Impactos Ambientais e Saúde
O Brasil é o maior consumidor de pesticidas do mundo, utilizando 22% do total global. O glifosato, um dos pesticidas mais utilizados, é classificado como cancerígeno e tem efeitos prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Apesar da promessa de que as sementes transgênicas seriam mais resistentes, o uso de pesticidas só aumentou, com 93% das sementes de soja no Brasil sendo geneticamente modificadas.
Além disso, a agroindústria brasileira, que se apresenta como um sucesso econômico, enfrenta críticas por sua contribuição à destruição ambiental e ao envenenamento de solos e águas. A bancada ruralista no Congresso brasileiro é uma das mais influentes, promovendo políticas que favorecem o agronegócio em detrimento da saúde pública e ambiental.
Desigualdade Fiscal e Comércio Internacional
Uma investigação da plataforma Sumaúma aponta que grandes empresas do setor, como JBS e Bayer, pagaram menos impostos do que receberam em isenções do governo brasileiro. Por exemplo, a Syngenta recebeu 725 milhões de dólares em isenções, valor superior ao orçamento do Ministério do Meio Ambiente para 2024.
O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que pode ser assinado em breve, levanta preocupações sobre a saúde pública e ambiental. Com a possibilidade de aumento nas importações de soja brasileira, a pressão sobre os biomas e a saúde da população pode se intensificar. A mobilização da sociedade civil é crucial para enfrentar essa crise e exigir responsabilidade dos governantes.
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