15 de jul 2025
Setor de pescados suspende exportações para os EUA e pede adiamento de tarifa
Setor de pescados brasileiro pode suspender exportações para os EUA em uma semana, afetando 70% da produção nacional. Medidas do governo são insuficientes.

Terminal de contêineres da Portonave, em Navegantes (SC) (Foto: Divulgação/Portonave)
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O setor de pescados brasileiro anunciou que suspenderá as exportações para os Estados Unidos em uma semana devido à nova sobretaxa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros. Essa medida pode afetar 70% da produção nacional, que é destinada ao mercado americano, tornando o setor inviável até que novos mercados sejam abertos.
Durante uma reunião com representantes do setor e ministros, incluindo o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o governo sugeriu que as empresas mobilizassem seus compradores nos EUA para pressionar a administração americana. No entanto, não foram apresentadas medidas concretas para mitigar os impactos da sobretaxa. Alckmin também recomendou que o setor busque novos mercados.
Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, destacou que o setor tem solicitado ao governo o adiamento da sobretaxa por pelo menos 90 dias. Ele enfatizou que abrir novos mercados é um processo complexo, que envolve hábitos alimentares e características específicas dos produtos. O governo, por sua vez, afirmou que ainda não recebeu notificação oficial sobre a tarifa, apenas a declaração do presidente Donald Trump em uma rede social.
A situação é crítica, com 3.500 embarcações em risco de paralisação, já que não faz sentido continuar a produção sem um destino certo. Mais de mil toneladas de pescado estão estocadas, representando um valor de cerca de US$ 50 milhões. Rafael Barata, diretor de comércio exterior da Frescatto, mencionou que a empresa está considerando alternativas, como o transporte aéreo, mas isso não resolverá o problema de forma sustentável.
Impacto na Exportação de Tilápia
O setor de tilápia, que representa 90% das vendas externas do Brasil, será um dos mais afetados pela sobretaxa. Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura, alertou que, com a tarifa, o Brasil ficará fora do mercado. As exportações de filé congelado já foram suspensas, enquanto as vendas de filé fresco continuam até o final do mês.
Caso a tarifa permaneça, o setor poderá ser forçado a redirecionar sua produção para o mercado interno, o que pode pressionar os preços da tilápia. Atualmente, apenas 3% a 5% da produção nacional é destinada à exportação, com o restante atendendo ao consumo doméstico.
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