Governo congressual busca soluções para crises políticas e econômicas do país

O presidencialismo de coalizão no Brasil passou por transformações desde 2015, com o fortalecimento do Congresso e a diminuição do poder do Executivo. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um cenário ainda mais desafiador, com um Congresso predominantemente à direita e práticas como o "orçamento secreto" complicando a articulação política.

Mudanças institucionais ao longo dos últimos anos resultaram em um Congresso mais poderoso, mas também mais irresponsável. A emenda constitucional 86, aprovada durante o governo de Dilma Rousseff, tornou impositivas as emendas orçamentárias individuais. Já Jair Bolsonaro não buscou construir uma coalizão, permitindo a aprovação da emenda 100, que também impôs emendas orçamentárias de bancadas estaduais. Essas alterações dificultaram a governabilidade e a relação entre o Executivo e o Legislativo.

Desafios do Governo Lula

Atualmente, Lula enfrenta um Congresso que se distanciou ideologicamente de sua agenda. A relação entre o Executivo e o Legislativo se tornou mais complexa, com a necessidade de o presidente atuar diretamente nas articulações. A perda de poder do Executivo se reflete na dificuldade de manter a disciplina entre os parlamentares, que agora se sentem menos comprometidos com a agenda governamental.

Além disso, o crescimento das emendas do relator e das emendas de comissão, que têm autoria difícil de rastrear, intensificou o conflito entre o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal. O controle sobre os recursos públicos pelos congressistas tornou menos atrativa a ocupação de cargos ministeriais, alterando a dinâmica de barganha política.

O Novo Cenário Político

O atual Congresso, mais à direita, apresenta desafios maiores para Lula em comparação a seus antecessores, como Michel Temer e Bolsonaro. A necessidade de uma articulação política eficaz é crucial, pois a divergência ideológica se acentua. O presidente deve se engajar diretamente nas negociações, uma vez que a dependência de intermediários pode não ser suficiente para superar as dificuldades impostas pelo novo cenário político.

A situação atual exige uma nova abordagem do Executivo, que deve se adaptar a um Congresso que, embora mais forte, também se tornou mais independente e ideológico. A capacidade de Lula de navegar por essas águas turbulentas será fundamental para a governabilidade e a implementação de sua agenda.